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Posts distorcem dados sobre criação de vagas para sugerir que desemprego teria 'disparado' com Lula

18 jul 2023 - 14h35
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São enganosas as publicações que afirmam que o desemprego teria aumentado durante o governo Lula (PT) e, para provar isso, mostram uma comparação entre o número de vagas formais criadas em maio de 2022 e maio de 2023. As peças, no entanto, omitem que a taxa de desocupação não necessariamente acompanha a criação de empregos: apesar de mais empregos terem sido criados entre janeiro de maio de 2022, o desemprego era maior no ano passado, conforme indicam os números do IBGE.

As peças de desinformação acumulam ao menos 1.500 compartilhamentos até a tarde desta terça-feira (18) e também circulam no Kwai.

Selo falso

Desemprego dispara com o Lula.
Print de vídeo em que homem mostra número de empregos criados até maio de 2022 e maio de 2023 e afirma que isso mostra que desemprego disparou
Print de vídeo em que homem mostra número de empregos criados até maio de 2022 e maio de 2023 e afirma que isso mostra que desemprego disparou
Foto: Aos Fatos

Publicações nas redes enganam ao comparar a taxa de criação de empregos em 2022 e 2023 e concluir que o desemprego estaria "disparando" com o governo Lula (PT). As peças fazem duas confusões:

  • Um número maior de empregos não necessariamente reflete em um menor desemprego: menos pessoas podem ter ficado desempregadas nos meses anteriores;
  • A comparação deve ser feita por meio da taxa de desocupação, divulgada mensalmente pelo IBGE.

De fato, o saldo de empregos criados em 2022 até o mês de maio foi maior do que o saldo de vagas abertas no mesmo período em 2023. De acordo com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o país registrou um crescimento de 277 mil postos de trabalho em maio do ano passado, o que resultou em um acumulado de 1,05 milhão de empregos até aquele momento. Em maio deste ano, por outro lado, o saldo foi de 155 mil empregos. Desde o início de 2023, o país registrou um acumulado de 865 mil empregos.

O que a peça de desinformação omite, no entanto, é que a taxa de desocupação do ano passado era maior do que a deste ano (veja gráfico abaixo). Segundo o IBGE, o desemprego no país ficou em 8,3% do trimestre encerrado em maio de 2023, a menor taxa para esse período desde 2015. Isso significa que 8,9 milhões de pessoas estão desocupadas.

Já em 2022, a taxa de desocupação no trimestre de março a maio de 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), foi de 9,8%. O IBGE estimava que haviam 10,6 milhões de brasileiros desocupados naquele momento. Por isso, mesmo que o saldo de empregos registrados tenha sido maior, havia mais pessoas desempregadas e a taxa, portanto, era mais alta.

Além disso, vale ressaltar que o Caged só leva em consideração vagas formais de emprego, enquanto o IBGE consegue também medir os níveis de emprego informal no país.

Sazonalidade. No gráfico acima, é possível ver que nos trimestres móveis de novembro-dezembro-janeiro de 2023 a janeiro-fevereiro-março de 2023 a taxa de desemprego subiu, mas esse é um movimento comum do período.

Conforme explica o IBGE, a taxa de desocupação possui uma sazonalidade, que são "flutuações intra-anuais no número de empregados que se repetem regularmente durante os anos". No final do ano, é comum um aumento no número de ocupados por causa dos trabalhos temporários no comércio e na indústria. Esse aumento, no entanto, sempre é seguido por uma queda na ocupação no início do ano seguinte, por causa do fechamento dessas vagas de fim de ano.

Por isso, a maneira mais correta de se comparar taxas de desocupação entre anos e governos é por meio do mesmo período.

Referências:

1. Ministério do Trabalho e Emprego (1, 2)

2. IBGE (1, 2, 3)

Aos Fatos
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