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Vídeo cita número errado de pobres em 2008 para fazer crítica ao Bolsa Família

PESQUISAS DO IBGE E DO IPEA MOSTRAM QUE POPULAÇÃO QUE VIVE NA POBREZA DIMINUIU, E NÃO AUMENTOU, NAS ÚLTIMAS DÉCADAS

11 set 2024 - 12h25
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O que estão compartilhando: vídeo em que um homem afirma que o Bolsa Família foi criado para acabar com a miséria, mas que em 2008 eram 3 milhões de pobres e hoje são 56 milhões no programa.

Pesquisa do IBGE apontou que em 2008 havia 84,126 milhões de habitantes na pobreza.
Pesquisa do IBGE apontou que em 2008 havia 84,126 milhões de habitantes na pobreza.
Foto: Reprodução/Facebook / Estadão

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. A população pobre do Brasil não era de 3 milhões em 2008. Naquele ano, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, uma estatística experimental do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que a proporção de pessoas vivendo com algum grau de pobreza no País naquele período era de 44,2%, o equivalente a 84,126 milhões de habitantes. Dez anos depois, a mesma pesquisa apontou diminuição para 22,3%, ou seja, 46,219 milhões de brasileiros.

O número de pessoas que recebem Bolsa Família atualmente também está equivocado. À reportagem, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome informou que o programa alcançou 54,5 milhões de pessoas em agosto. Aproximadamente 20,7 milhões de famílias receberam o benefício no último mês.

Vale lembrar ainda que o Bolsa Família foi criado em 2003, não 2008.

Saiba mais: O conteúdo que circula no Facebook inventa dados referentes à pobreza da população brasileira em 2008. Conforme o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), naquele ano, mais de 11 milhões de pessoas tinham renda per capita igual ou inferior a meio salário mínimo - R$ 207,50 na época - apenas nas regiões metropolitanas de Recife, Salvador, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Outras duas pesquisas do IBGE, classi?cadas como experimentais, apontam que o número de pobres no País era bem maior naquele período do que o citado no post; o instituto também indica que a pobreza diminuiu uma década depois.

Conforme noticiou ano passado o Estadão, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018 apontou que na pré-pandemia 46,219 milhões de brasileiros viviam com algum grau de pobreza não monetária, o equivalente a 22,3% da população. O levantamento registrou melhora nas condições de qualidade de vida da população em relação à POF 2008-2009, quando a proporção de pessoas vivendo com algum grau de pobreza era de 44,2%, o equivalente a 84,126 milhões de habitantes. Os dados são do estudo Evolução dos Indicadores não Monetários de Pobreza e Qualidade de Vida no Brasil.

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Além disso, no primeiro semestre deste ano, o Instituto Jones dos Santos Neves, repartição pública do Espírito Santo que realiza pesquisas para subsidiar políticas públicas no Estado, identificou que a taxa de pobreza no Brasil diminuiu no último ano, passando de aproximadamente 32% em 2022 para 27,5% em 2023. Em números absolutos, mais de 8,5 milhões de indivíduos melhoraram as condições de vida. O instituto usou como base de dados o levantamento sobre rendimentos divulgado este ano pelo IBGE, que é alimentado com informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C).

No último mês, o Relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades 2024 apontou queda de 40% na proporção de pessoas em extrema pobreza a partir de 42 indicadores que começaram a ser monitorados em 2023.

A fome também vem diminuindo. O Estadão Verifica demonstrou recentemente que a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) informou ao governo brasileiro que a insegurança alimentar severa caiu 85% no Brasil entre 2022 e 2023. Em números absolutos, segundo o governo, 14,7 milhões deixaram de passar fome no País.

Conforme a entidade, a insegurança alimentar severa atingia 17,2 milhões de brasileiros em 2022, enquanto no ano passado eram 2,5 milhões. Percentualmente, a queda foi de 8% para 1,2% da população. A metodologia da FAO classifica como insegurança alimentar severa quando a pessoa está de fato sem acesso a alimentos e passa um dia inteiro ou mais sem comer.

Procurado pela reportagem, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome afirmou que "o Programa Bolsa Família é referência mundial no combate à fome e à pobreza, sendo um dos responsáveis pelo Brasil reduzir a extrema pobreza em 40% em 2023 e pelo País ter, em um ano, reduzido em 85% as pessoas que passavam fome, como atestam a ONU, o IBGE e outros".

Estadão
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