Vídeo de 2018 noticiava mortes causadas por vacina contra febre amarela, e não por imunizante contra Covid-19
Foram causadas pela vacina contra a febre amarela, e não pelo imunizante contra a Covid-19, as mortes noticiadas pelo apresentador César Tralli em vídeo que circula nas redes. O trecho do SP1, da TV Globo, que foi ao ar em 2018, tem sido compartilhado por peças de desinformação como se fosse recente e provasse que as vacinas contra o coronavírus são perigosas.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam mais de 11 mil curtidas no Instagram e milhares de visualizações no TikTok até a tarde desta quarta-feira (29). A peça de desinformação também circula no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance dos conteúdos (fale com a Fátima).
O importante era tirar o Bolsonaro. Ué, quando Bolsonaro falava que a vacina tinha riscos, a esquerda dizia que ele era contra a vacina.
Publicações nas redes têm compartilhado uma versão editada e fora de contexto de uma edição do SP1 veiculada em 19 de janeiro de 2018 para alegar que o apresentador César Tralli teria noticiado a morte de duas pessoas em decorrência da vacinação contra a Covid-19. No registro original, no entanto, Tralli afirma que as mortes foram causadas pelo imunizante contra a febre amarela.
Para fazer a associação falsa entre a notícia e a vacina contra a Covid-19, as peças de desinformação recortam um trecho do telejornal em que Tralli faz menção à febre amarela e editam o gerador de caracteres — texto descritivo com os créditos da reportagem (veja abaixo).
Comparação. Frames mostram que o GC do vídeo original foi manipulado para inserir "vacinas matam" sobre o título "febre amarela".
No telejornal, o apresentador afirma que a Secretaria de Saúde de São Paulo confirmou as mortes de duas pessoas em decorrência da vacinação. A suspeita é que os dois pacientes estivessem com o sistema imunológico comprometido. Indicada para pessoas entre nove meses e 59 anos de idade, a vacina contra a febre amarela pode causar um quadro grave, com sintomas similares aos da doença, em idosos ou pessoas imunocomprometidas. Efeitos adversos graves como esse, no entanto, são raros.
Em boletim epidemiológico publicado em junho deste ano, o Ministério da Saúde informou que foram registradas até aquele momento apenas 50 mortes em decorrência da imunização contra a Covid-19. Isso corresponde a cerca de um óbito para cada 10 milhões de doses aplicadas, o que prova que os imunizantes são seguros.
A peça de desinformação também foi desmentida pelo Estadão Verifica.
Referências:
1. Globoplay (SP1)
2. G1