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Vídeo de funeral de mortos em conflito no Congo é tirado de contexto para desinformar sobre mpox

CONTEÚDO ENGANOSO ALEGA QUE IMAGENS SERIAM USADAS PARA CAUSAR MEDO NA POPULAÇÃO COM A IMINÊNCIA DE UMA NOVA PANDEMIA; ENTERRO COLETIVO FOI NOTICIADO PELA IMPRENSA

18 set 2024 - 12h10
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O que estão compartilhando: vídeo que supostamente mostra um funeral coletivo de vítimas da doença viral mpox na África. O conteúdo que circula em plataformas como Instagram, TikTok e Facebook alega que as imagens são peça de propaganda para causar medo na população, "ao estilo China".

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: o vídeo está fora de contexto. As imagens são de um funeral coletivo de 200 pessoas, em 2 de setembro, na República Democrática do Congo. A cerimônia ocorreu em um estádio localizado na cidade de Goma, na região de fronteira com Ruanda. As mortes não têm relação com a mpox, mas com os conflitos políticos e étnicos que tensionam o país africano. A China nada tem a ver com o assunto.

Saiba mais: o conteúdo com a alegação falsa circula nas redes sociais com diferentes textos. Um deles traz a legenda: "Este vídeo tem viralizado como supostamente sendo vítimas de mpox na África. Propaganda do medo ao estilo China" (sic).

As postagens são formadas de dois elementos distintos com apelo emocional: as imagens de caixões agrupados sendo carregados por pessoas com roupas e máscaras de proteção apropriadas para lidar com doenças contagiosas, como se viu durante a pandemia do coronavírus; e também o atual temor diante da mpox, doença infecciosa antes conhecida como a varíola dos macacos. Uma nova variante do vírus foi registrada pela primeira vez no Congo.

Em razão das previsão de que a mpox se alastre para além do continente africano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou no dia 14 de agosto que o novo surto é uma "emergência pública de saúde de interesse internacional". Até então, foram contabilizados mais de 14 mil casos da doença e 524 mortes. E Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças informou que "é altamente provável" que novos casos importados da variante mais virulenta da mpox sejam registrados na Europa.

Publicação tira de contexto fala da ministra da Saúde sobre vacinação contra mpox

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A busca reversa por imagens da postagem analisada (saiba aqui como fazer) direciona para o verdadeiro contexto da gravação. No mesmo dia do funeral exibido no vídeo, reportagem da BBC (leia aqui) informou: "No Estádio de l'Unité, na cidade de Goma, diante de muitos caixões brancos colocados no campo, ocorreu uma cerimônia de despedida de 200 pessoas que, segundo as autoridades, morreram devido à guerra travada pelo governo de Ruanda com o grupo M23?. A BBC destaca que não conseguiu apurar mais detalhes do ocorrido junto a fontes independentes.

Goma fica localizada na fronteira com Ruanda, país marcado por uma guerra civil nos anos 1990 e o genocídio de cerca de 800 mil pessoas da etnia tutsi. A região do conflito é convulsionada pela presença de refugiados ruandeses e sobretudo pela atuação do Movimento 23 de Março (M23), que se denomina um exército revolucionário de oposição ao governo. A milícia armada tem como uma de suas bandeiras a proteção de integrantes da etnia tutsi. O M23, segundo a BBC, emitiu um comunicado classificando o funeral como "falsa cerimônia" organizada para enterrar refugiados capturados e mortos pelo próprio governo.

O real contexto do funeral foi encontrado também em outras fontes, como reportagens da imprensa (aqui e aqui) e postagens do ativista congolês Pappy Orion, provável fonte do vídeo com a desinformação, e do cantor congolês RJ Kanierra, que apresenta outras imagens do evento.

Este conteúdo também foi checado pelas agências Reuters e Aos Fatos.

Estadão
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