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Vídeo de terroristas islâmicos não tem relação com ataque a torcedores em Amsterdã

IMAGENS CIRCULAM NA INTERNET PELO MENOS DESDE 2018; FUNCIONÁRIO DO HAMAS CLASSIFICOU VIOLÊNCIA CONTRA ISRAELENSES NA CIDADE HOLANDESA COMO 'MANIFESTAÇÕES ESPONTÂNEAS'

12 nov 2024 - 11h56
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O que estão compartilhando: vídeo mostra dois homens armados e com o rosto encoberto. Eles fazem uma declaração. Na legenda da postagem, lê-se: "Hamas manda recado para o mundo depois do ocorrido em Amsterdam: 'Nosso objetivo é m4tar todos os infiéis. Seguiremos judeus e cristãos ao redor do mundo. Convertam-se ao Islã ou mat4remos vocês!'".

Captura de tela da postagem verificada
Captura de tela da postagem verificada
Foto: Reprodução/Instagram / Estadão

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é enganoso. O vídeo é antigo: há referências dele na internet pelo menos desde 2018. Na noite do último dia 7, torcedores israelenses do time de futebol Maccabi Tel Aviv foram agredidos em Amsterdã após partida contra o Ajax. Autoridades de Amsterdã atribuíram os ataques a manifestantes antissemitas. Um alto funcionário do Hamas, em entrevista à Reuters, classificou os ataques a repercussões espontâneas diante da "matança em massa pelas forças israelenses em Gaza".

Saiba mais: a postagem faz referência ao ataque contra torcedores do time de futebol israelense Maccabi Tel Aviv em Amsterdã, na noite do dia 7, após partida contra o Ajax, no estádio Johan Cruyff Arena, pela Liga Europa. Foram registrados episódios de agressão em várias partes da cidade. A Embaixada de Israel na Holanda disse, nas redes sociais, que "multidões entoavam slogans anti-Israel e compartilhavam orgulhosamente vídeos de seus atos violentos nas redes sociais — chutando, batendo, até mesmo atropelando cidadãos israelenses". As cenas foram classificadas por autoridades holandesas e pela União Europeia como demonstrações de antissemitismo.

No entanto, o vídeo compartilhado na postagem não está relacionado aos episódios recentes de violência em Amsterdã. A gravação é antiga. Portanto, não se trata de um recado do Hamas para o mundo depois do ocorrido na cidade holandesa, como afirma a postagem. Em uma busca reversa de imagens (veja como usar aqui), foi possível encontrar referências ao vídeo em 2018 e em 2019, em um site de uma organização europeia pró-Israel.

O texto de 2019 compartilha imagem do vídeo e afirma tratar-se de trecho de entrevistas com membros do grupo terrorista Jihad Islâmica feitas pelo documentarista franco-israelense Pierre Rehov. O texto destaca o que é dito pelos dois homens nas imagens:

"Com a ajuda de Alá, expulsaremos os judeus da Palestina e do Templo Sagrado. Se não se renderem ao Islã, mesmo que viajem até ao fim do mundo, iremos caçá-los e matá-los", teria dito um dos integrantes da Jihad Islâmica, segundo o texto.

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Na sequência, o texto diz que o homem teria acrescentado que, depois que os judeus forem capturados, será a vez dos cristãos. "Então, chamaremos todos os cristãos ao Islã, porque o Islã é a única religião com compaixão", teria dito o terrorista, ainda de acordo com o texto.

O conteúdo é o mesmo que consta nas legendas em inglês das imagens divulgadas por Pierre Rehov em seu canal no YouTube.

Em relação à violência contra torcedores israelenses em Amsterdã, no último dia 7, não há registros de que o Hamas seja o responsável. Em comunicado conjunto, a prefeitura, a polícia e o Ministério Público local afirmaram que os ataques foram cometidos por "manifestantes antissemitas" que "procuraram ativamente torcedores israelenses para atacá-los e agredi-los". O alto funcionário do Hamas Sami Abu Zuhri, em entrevista à Reuters, classificou o episódio como "manifestações espontâneas" resultantes da "matança em massa pelas forças israelenses em Gaza e a falta de intervenção internacional para detê-la".

A matéria da Reuters registra ter havido manifestações anti-árabes por parte de torcedores Maccabi Tel Aviv. Como mostrou o Estadão, com informações da AP e do New York Times, veículos de imprensa israelenses traduziram cânticos contra os árabes e a Palestina: "fo**-se a Palestina", diziam torcedores. Já a Reuters destacou o trecho: "Ole, ole, let the IDF win, we will fuck the Arabs" ("Ole ole ole, deixa a IDF vencer. Nós vamos f**** os árabes"). IDF é a sigla das Forças de Defesa de Israel.

Estadão
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