Vídeo em que Deolane cobra posicionamento de Lula é antigo e não tem relação com a prisão dela
POSTAGENS NO INSTAGRAM DISTORCEM DECLARAÇÃO DA INFLUENCIADORA GRAVADA EM FEVEREIRO; ELA FALAVA SOBRE DENÚNCIAS DE EXPLORAÇÃO SEXUAL INFANTIL NA ILHA DE MARAJÓ
O que estão compartilhando: que a influenciadora Deolane Bezerra teria gravado um vídeo pedindo para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva interferisse na decisão que a levou a ser presa preventivamente.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Postagens tiram de contexto um vídeo publicado por Deolane nos stories do Instagram em fevereiro deste ano. As peças enganosas exibem apenas um trecho da gravação original, em que a influenciadora diz: "Alô presidente Lula, senhor Luiz Inácio Lula da Silva, nós estamos aguardando urgentemente um posicionamento do governo federal". No recorte, ela cobrava do presidente um posicionamento sobre denúncias de exploração sexual infantil na Ilha de Marajó, no Pará.
Saiba mais: o vídeo verificado foi publicado no Instagram no dia 11 de setembro, um dia após a Justiça de Pernambuco ter decidido revogar a prisão domiciliar de Deolane Bezerra. Na rede social, o Verifica identificou três postagens que tiram de contexto o vídeo gravado pela influenciadora em fevereiro. Ao contrário do que afirmam as postagens, não há registro de que Bezerra tenha pedido ajuda a Lula publicamente para reverter a decisão judicial que a levou a ser presa preventivamente.
O vídeo em que Deolane cobra Lula se refere a um outro assunto, que também foi alvo de desinformação nas redes sociais. Em fevereiro, a cantora paraense Aymeê Rocha apresentou uma canção em um reality show de música gospel que cita o desaparecimento de uma criança na Ilha de Marajó. Ao comentar sobre a letra com os jurados, a artista disse ter se inspirado na ocorrência de casos de pedofilia na região. Rocha então narrou supostos casos de exploração sexual infantil, que viralizaram nas redes sociais.
O tema ganhou repercussão e foi abordado por influenciadores e celebridades, incluindo Deolane, como mostra uma matéria publicada pela IstoÉ. Na gravação original, a influenciadora cobra um posicionamento do governo federal a respeito das denúncias de exploração sexual contra menores que foram expostas nas redes sociais a partir da canção de Aymeê.
Embora o Pará seja constantemente destaque negativo quando se trata de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes, segundo promotores do Ministério Público do Estado, após as denúncias da cantora viralizarem, diversas postagens passaram a usar desinformação e denúncias não comprovadas para gerar pânico. Na ocasião, o Verifica desmentiu postagens que associavam ocorrências com crianças de outros lugares à Ilha de Marajó (aqui e aqui).
Deolane Bezerra segue presa
A advogada e influenciadora foi presa no dia 4 de setembro, em uma operação da Polícia Civil de Pernambuco que mira uma organização criminosa suspeita de envolvimento em jogos ilegais e lavagem de dinheiro. Ela e a mãe, Solange Bezerra, foram presas na mesma data e encaminhadas para a Colônia Penal Feminina do Recife (CPFR), na região metropolitana.
No dia 9, a defesa de Deolane conseguiu habeas corpus para colocá-la em prisão domiciliar, já que ela é mãe de uma criança de 8 anos. Bezerra foi liberada e deixou a unidade prisional após colocar tornozeleira eletrônica. Uma das condições impostas pela Justiça é de que ela não fizesse manifestações públicas. No entanto, ao sair da Colônia Penal, a influenciadora falou com os jornalistas e com fãs que se aglomeravam no local. No mesmo dia, postou uma foto no Instagram em que aparece com a boca coberta por uma fita, com a inscrição de um "X" no meio.
No dia 10, Deolane teve a prisão domiciliar revogada pelo descumprimento de medidas cautelares impostas pela Justiça. Ela foi levada para a Colônia Penal Feminina de Buíque, a 280 quilômetros do Recife, onde segue presa desde então. De acordo com matérias publicadas por veículos de imprensa nesta quarta-feira, 18, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou um novo pedido de liberdade feito pela defesa de Bezerra (aqui e aqui).
O Aos Fatos também desmentiu a peça verificada.