Check-up infantil: crianças também realizam exames de rotina
Check-up infantil: crianças também realizam exames de rotina
As férias escolares podem ser uma boa oportunidade para verificar como anda a saúde das crianças. Essa atitude atrai cada vez mais pais nessa época do ano, segundo a pediatra Natasha Slhessarenko, integrante do corpo clínico do Alta Excelência Diagnóstica: "É importante saber quais exames realizar e a partir de quando nos nossos pequenos pacientes.".
A indicação de exames laboratoriais de rotina nas crianças e nos adolescentes saudáveis é restrita. O teste do pezinho é um bom e raro exemplo de avaliação feita sistematicamente nas crianças. Apesar de não ser considerado um exame de check-up, o teste do pezinho é a primeira verificação que toda criança faz logo ao nascer, idealmente entre 48 horas de vida e a primeira semana pós-nascimento.
"Através desse teste, diversas doenças metabólicas e genéticas são diagnosticadas precocemente, as intervenções terapêuticas necessárias podem ser implementadas e a criança terá uma vida muito próxima ao normal, dependendo da patologia diagnosticada. Tudo isso ocorrerá desde que o diagnóstico seja feito o mais precocemente possível. O perfil de doenças pesquisadas pelo teste do pezinho varia e pode ser tão amplo e incluir a análise de cerca de 50 diferentes distúrbios", afirma a médica.
A ideia de realizar exames rotineiros em crianças tem como objetivo detectar desde cedo - especialmente naquelas com histórico familiar ou com outros fatores de risco associados - alterações laboratoriais para que medidas preventivas possam ser adotadas e o problema evitado ou, pelo menos, minimizado.
Para que as doenças crônicas não transmissíveis do adulto - como o diabetes, a hipertensão arterial e a obesidade - possam ser evitadas nas crianças, visitas periódicas ao pediatra devem ocorrer. O acompanhamento médico das crianças deve ocorrer desde a concepção até os 2 anos, "o que é decisivo para o resto da vida dos pequenos pacientes", complementa Natasha.
Nos encontros com o pediatra, são avaliados o crescimento, o desenvolvimento, a situação vacinal e a alimentação, bem como queixas que as crianças possam apresentar. Além disso, o médico verifica a necessidade de realização de exames laboratoriais.
Entre os exames realizados na triagem de crianças e adolescentes saudáveis está incluída a dosagem de lipídios. A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda a dosagem de colesterol total para toda criança acima dos 10 anos, independentemente da presença de fatores de risco, e considera também a determinação dos lipídios a partir dos 2 anos na presença de fatores de risco, sinais clínicos ou histórico familiar.
Em razão da assustadora epidemia de obesidade constatada no mundo e no Brasil, inclusive entre as crianças, a Sociedade Brasileira de Pediatria propôs a realização de um perfil de exames laboratoriais para todas as crianças e adolescentes com excesso de peso que inclui a dosagem da glicemia de jejum, a dosagem dos lipídios (colesterol total, HDL-colesterol, LDL-colesterol, triglicerídios) e AST (TGP). Outros exames podem fazer parte desse check-up se outras morbidades estiverem associadas, destacando-se a avaliação da função renal (ureia e creatinina), eletrólitos (sódio e potássio), ácido úrico, gama-GT, fosfatase alcalina, índice de HOMA, dosagens hormonais, urina simples (EAS), raios X de tórax, raios X de membros inferiores, fundo de olho e ecocardiograma, entre outros.
A deficiência de ferro (com ou sem anemia) é a carência nutricional mais comum do planeta. O incentivo ao aleitamento materno exclusivo até o sexto mês; a evitação do consumo do leite de vaca no primeiro ano; o estímulo à alimentação complementar saudável e a utilização preventiva do ferro dos 6 aos 24 meses de vida são medidas importantes. Entretanto, ainda é muito alta a prevalência de anemia, chegando a 25% da população mundial, sendo maior entre as crianças menores de 5 anos. A Academia Americana de Pediatria (AAP) recomenda a triagem universal para deficiência de ferro em todas as crianças entre 9 e 12 meses de vida, por meio do hemograma.
Outros exames, como ferritina e reticulócitos, podem fazer parte dessa triagem. A AAP também recomenda que a cada cinco anos se investigue a presença de anemia entre os adolescentes. Em caso de fatores de risco - como atividade física intensa, especialmente em atletas adolescentes do sexo feminino; dietas vegetarianas ou veganas; desnutrição ou baixo peso; doenças crônicas; obesidade ou história de perda de sangue menstrual significativa - essa triagem deve ser mais frequente, com dosagem de hemoglobina e ferritina.
Além dos exames e de todos os cuidados médicos, aproveitar as férias para estimular a prática de atividades físicas como uma rotina de brincadeiras também colabora para o bem-estar das crianças. "Escolher uma atividade que divirta e, ao mesmo tempo, estimule o raciocínio e o desenvolvimento corporal infantil, como a natação, o futebol e outros esportes, é uma boa pedida para os que têm energia de sobra. Manter a alimentação balanceada também é importante. Vamos aproveitar para fazer programas e atividades com nossos pequenos nas férias, contribuindo, com isso, para a boa saúde mental deles", finaliza a pediatra Natasha Slhessarenko.