Chefe da Receita ganhou cargo em Paris após tentar liberar joias de Michelle, diz TV Globo
Julio Cesar Vieira Gomes recebeu posto na Europa um dia após pressão em fiscais que apreenderam presente do governo saudita
Julio Cesar Vieira Gomes, chefe da Receita Federal quando Bento Albuquerque, então ministro do governo Bolsonaro, tentou entrar no Brasil sem declarar joias avaliadas em R$ 16,5 milhões para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, recebeu um cargo em Paris, na França, um dia após uma tentativa frustrada de liberar as peças.
Segundo informações do blog de Andréia Sadi, da TV Globo, Vieira foi nomeado adido do Fisco na capital francesa no dia 30 de dezembro de 2022. No dia 29, um auxiliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi até o Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, para pegar as joias, porém, sem sucesso.
Fontes disseram ao blog que a nomeação serviu como um "plano de exílio" para não comprometer o governo Bolsonaro se as irregularidades viessem à tona, uma vez que Vieira se envolveu ativamente nas tentativas de resgatar as joias.
Ainda de acordo com o blog, Vieira contatou Bolsonaro pouco antes de seu ajudante de ordens, Mauro Cid, enviar um oficio comunicando a ida do sargento 'Jairo' ao Aeroporto de Guarulhos. Lá, Jairo, pressionou as autoridades e, mesmo com o envolvimento de Vieira, não foi conseguiu liberar as joias com o representante do Fisco no local. As fontes disseram que Vieira tentou, sem sucesso, "dar uma carteirada" para liberar o presente milionário sem seguir as regras fiscais do País.
A nomeação de Vieira para o cargo em Paris foi assinada pelo então vice-presidente Hamilton Mourão, já que Bolsonaro estava nos Estados Unidos na ocasião, e posteriormente cancelada por Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda no governo Lula.
O blog também revelou que outro funcionário da Receita, o auditor-fiscal José de Assis Ferraz Neto, também recebeu cargo em outro país, dessa vez, nos Emirados Árabes Unidos. Ele também é suspeito de agir em prol dos interesses de Bolsonaro ao pressionar o subsecretário-geral da Receita para que não fosse investigada a quebra de sigilo fiscal de desafetos do ex-presidente.