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China processa UE na OMC por nova taxa sobre veículos elétricos

4 nov 2024 - 15h53
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Comissão Europeia aprovou nova tarifa que aumenta em até 45,3% o preço de veículos fabricados na China. Decisão é retaliação contra subsídios distribuídos pelo governo chinês.A China apresentou nesta segunda-feira (04/11) uma queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a União Europeia (UE), em decorrência das novas tarifas impostas pelo bloco aos veículos elétricos chineses, que entraram em vigor na semana passada.

China acusa União Europeia de protecionismo. Veículos elétricos chineses podem ficar até 45,3% mais caros na Europa.
China acusa União Europeia de protecionismo. Veículos elétricos chineses podem ficar até 45,3% mais caros na Europa.
Foto: DW / Deutsche Welle

O Ministério do Comércio da China disse que a ação busca "salvaguardar os interesses do desenvolvimento da indústria de veículos elétricos e a cooperação global na 'transformação verde''.

"É lamentável ver o lado europeu anunciar a sua decisão final, apesar das inúmeras objeções de atores relevantes, como estados-membros, indústrias e opinião pública", destacou a pasta chinesa.

Preço dos veículos chineses pode subir até 45,3%

As novas tarifas europeias entraram em vigor em 30 de outubro, data em que a China já havia anunciado que "não concorda nem aceita" a decisão de Bruxelas. O bloco aprovou um novo imposto que varia de 7,8% a 35,3% sobre veículos elétricos chineses, que se soma à taxa padrão de importação de carros da UE, de 10%.

As tarifas incidem pelos próximos cinco anos e foram definidas após uma longa investigação apontar que fabricantes chinesas teriam recebido subsídios ilegais. A regra estabelece um imposto gradual para cada empresa, como forma de compensar os subsídios que cada uma teria recebido. As gigantes Saic, Geely e BYD, por exemplo, foram afetadas.

A medida também incide sobre as fabricantes ocidentais que produzem na China e receberam subsídios, como a norte-americana Tesla, que estará sujeita a uma tarifa de 7,8%. Outras empresas que cooperaram com a investigação da Comissão Europeia serão taxadas em 20,7%.

Para o governo chinês, a barreira tarifária que eleva a até 45,3% o custo do veículo elétrico produzido na China fere "gravemente" as regras da OMC.

UE diz que competição deve ser justa

O Vice-Presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, disse na terça-feira que "ao adotar essas medidas proporcionais e direcionadas após uma investigação rigorosa, estamos defendendo práticas de mercado justas e a indústria europeia".

"Acolhemos a concorrência, inclusive no setor de veículos elétricos, mas ela deve ser sustentada pela justiça e pela igualdade de condições", afirmou.

A Comissão argumenta que as tarifas são necessárias para proteger as automobilísticas europeias da concorrência desleal. Os Estados Unidos e o Canadá anunciaram taxas de 100% sobre os veículos elétricos chineses, o que tornou a UE um mercado lucrativo para esses automóveis.

A Comissão Europeia ainda garantiu que suspenderá as tarifas caso consiga chegar a um acordo com a China nos próximos cinco anos.

Decisão não foi unanime

A decisão de estabelecer novas tarifas, puxada pela França, não foi unânime. Cinco países europeus se opuseram à medida, dez apoiaram e 12 se abstiveram.

Países como a Alemanha e a Hungria votaram contra, sob o temor de se instalar "um conflito comercial de longo alcance" com a China que se estenda para outros setores.

As maiores montadoras da Europa, incluindo a Volkswagen, também criticaram a abordagem da UE e pediram a Bruxelas que resolvesse a questão por meio de negociações. A Associação Alemã da Indústria Automotiva entende que as tarifas são "um retrocesso para o livre comércio global e, portanto, para a prosperidade, a preservação do emprego e o crescimento na Europa".

A Volkswagen, que foi duramente atingida pela crescente concorrência na China, já havia dito anteriormente que as tarifas não melhoram a competitividade da indústria automotiva europeia.

A China já havia recorrido ao mecanismo de disputa da OMC em agosto devido a outras medidas preliminares tomadas pela UE.

Em retaliação, o país asiático vem anunciando investigações sobre as importações de whisky, produtos lácteos e carne suína da UE. Esse último poderia ser particularmente prejudicial para a Espanha, principal fornecedora destes produtos para a China.

gq (efe, dw, reuters, ots)

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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