Cinco medicamentos produzidos no Brasil
Tratamentos criados no país são referência mundial no combate às chamadas doenças negligenciadas. Dois dos medicamentos fabricados no Brasil foram incluídos recentemente em lista da Organização Mundial de Saúde.
O Brasil tem se destacado pela produção de medicamentos usados no combate às chamadas doenças negligenciadas. O termo se refere ao conjunto de doenças causadas por parasitas, vírus ou bactérias, que são endêmicas em populações de baixa renda.
Em 2013, dois tratamentos desenvolvidos no país entraram na lista da Organização Mundial de Saúde (OMS) de medicamentos essenciais para crianças. A entidade aponta 17 doenças tropicais negligenciadas. Entre elas, malária, doença de Chagas, tuberculose e leishmaniose, que incapacitam ou matam milhões de pessoas em todo o mundo.
Para a iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi, na sigla em inglês) as enfermidades que afetam 90% da população do planeta recebem apenas 10% dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento. De acordo com a OMS, a América registra a manifestação de 12 dessas doenças.
Leonardo Régis Leira Pereira, professor do curso de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP) e membro da diretoria da Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas, explica que a lógica da indústria farmacêutica é produzir o medicamento de acordo com as doenças mais prevalentes, no caso, as cardiovasculares. Por isso os medicamentos mais comuns fabricados no Brasil seguem a tendência mundial: analgésicos, antiinflamatórios, além daqueles usados para controle da hipertensão, diabetes e colesterol estão no topo da lista. “Os grandes laboratórios não estão preocupados em descobrir medicamentos para tratar o que não tem no território deles”, afirma.
Os laboratórios públicos brasileiros assumem essa função, com a meta de ofertar medicamento para o Sistema Único de Saúde (SUS). O maior laboratório farmacêutico público, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/FioCruz), produz alguns dos remédios mais importantes contra doenças negligenciadas. Mas da lista abaixo, apenas o ASMQ é uma criação exclusivamente brasileira, fabricado pela FioCruz em parceria com aDNDi. Os demais são produzidos também por outros países. Para a FioCruz, a explicação se deve ao fato de a indústria farmoquímica brasileira ser incipiente.
1. ASMQ
Este antimalárico está incluído nas listas de medicamentos essenciais da OMS para crianças e adultos. É o primeiro contra a malária com posologia direcionada ao público infantil, mas também é eficaz para o tratamento em adultos. Ele foi desenvolvido numa parceria com Farmanguinhos/Fiocruz e a Iniciativa Medicamentos para doenças negligenciadas (DNDi) e lançado no Brasil em 2008. Considerado um produto inovador, o composto é um combinação de artesunato e mefloquina.
2. Benznidazol
Indicado para o tratamento da doença de Chagas, também está disponível em dose pediátrica para o tratamento em crianças. Trata-se de um comprimido facilmente dissolvível, para uso oral simples. O tratamento foi registrado no Brasil em 2011, fruto de uma parceria de três anos entre a DNDi e o Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (LAFEPE) no Brasil. O LAFEPE é o Segundo maior laboratório público no Brasil. O medicamento foi registrado no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e tem definição de países prioritários para obtenção de registro na região.
3. Praziquantel
É o medicamento mais indicado no tratamento contra a esquistossomose. No momento, pesquisadores da Fiocruz e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) estudam a utilização de nanotecnologia para facilitar a absorção deste medicamento. A esquistossomose, conhecida popularmente como doença dos caramujos, é transmissível e parasitária. Um dos principais problemas de saúde pública que acomete os países subdesenvolvidos e o Brasil é p mais afetado do continente.
4. Isoniazida + Rifampicina
A combinação de isoniazida com a rifampicina é utilizada para combater as
diversas formas de tuberculose e pode ser associada a outros medicamentos. Mesmo que possa haver melhora nos primeiros dias de uso, o tratamento deve ser mantido nos intervalos e na duração recomendada pelo médico para evitar a falha na recuperação.
5. Dietilcarbamazina
O medicamento é utilizado no tratamento da leishmaniose. O Instituto de Farmanguinhos e um laboratório privado firmaram parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para o desenvolvimento de um gel contra a forma cutânea dessa doença. A leishmaniose é transmitida por um mosquito que, ao picar, introduz na circulação do hospedeiro o protozoário.