Aos 35 anos, Voyager 1 é o objeto terrestre mais distante
5 set2012 - 08h03
Compartilhar
A sonda espacial Voyager 1 completa 35 anos nesta quarta-feira. Lançada no dia 5 de setembro de 1977, do Cabo Canaveral, na Flórida (EUA), ela foi planejada para visitar e estudar os dois maiores planetas do Sistema Solar: Júpiter e Saturno. Essa missão inicial se encerrou em novembro de 1980. Mas a sonda foi muito além: a jornada já a levou para 18 bilhões de quilômetros de distância do Sol, à camada exterior da heliosfera, fronteira com o - até agora - insondável espaço interestelar.
A campeã anterior, a Pioneer 10, foi ultrapassada em 1998. Com o feito, a Voyager 1 conquistou o recorde de objeto terrestre que viajou a maior distância no espaço. Em 15 de junho deste ano, cientistas da Nasa declararam que a sonda está próxima de se tornar a primeira nave produzida por humanos a deixar o Sistema Solar.
A Voyager 1 tinha companhia antes do lançamento: a Voyager 2, sua sonda irmã, lançada duas semanas antes, em outra trajetória. Hoje elas se encontram a bilhões de quilômetros de distância. "Composta por duas sondas espaciais, a Missão Voyager teve como objetivos o estudo e exploração, in loco, dos planetas gasosos do Sistema Solar, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno", explica José Leonardo Ferreira, doutor em Ciências Espaciais pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Curiosamente, a Voyager 2 foi lançada antes do que a 1 e está menos distante da Terra. Conforme Antonio Fernando Bertachini de Almeida Prado, doutor em Engenharia Espacial pela Universidade do Texas, os nomes (no caso, os números) foram dados pela ordem de chegada a Júpiter. "No espaço, para viajar entre os planetas, a linha reta não é a trajetória mais econômica (em termos de combustível) entre dois corpos celestes. Trajetórias elípticas são mais econômicas. A Voyager 1 seguiu um arco de elipse de período mais curto e, mesmo lançada depois da Voyager 2, chegou primeiro a Júpiter", justifica.
Trajetória de conquistas e descobertas
Segundo Ferreira, o período de lançamento das Voyager 1 e 2 foi determinado pelo posicionamento dos grandes planetas em relação à Terra, obedecendo às leis da mecânica celeste que possibilitam a utilização do efeito popularmente conhecido como estilingue gravitacional. "Ele permite que a sonda possa ser lançada para distâncias maiores, podendo, assim, atingir objetos mais distantes do Sol no Sistema Solar", esclarece o professor do Instituto de Física da Universidade de Brasília (UnB).
Para viabilizar a missão, Prado explica que foi utilizada a técnica de Swing-By, na qual uma passagem próxima a um planeta gera energia para a nave continuar a viagem. Dessa forma, foram feitas duas naves, cada qual com sua trajetória programada pelos seus objetivos. "A Voyager 2 teve uma trajetória diferente para que pudesse passar por Urano e Netuno, enquanto que a Voyager 1 visava a estudar os satélites de Júpiter e Saturno", aponta.
Dentre as conquistas e descobertas feitas pela Voyager 1 desde o seu lançamento, Ferreira destaca o estudo das luas galileanas Io e Europa, de Júpiter, além da lua Titã, de Saturno , que estão entre as maiores do Sistema Solar. Para Prado, o estudo da atmosfera de Titã foi importante, pois o satélite apresenta condições similares às da atmosfera terrestre na época do início da vida na Terra. O chefe da Divisão de Mecânica Espacial e Controle do Inpe aponta ainda outras importantes descobertas: o fato da Grande Mancha Vermelha ser um furacão na atmosfera de Júpiter; a existência de um anel em torno de Júpiter; atividades vulcânicas em Io; as três luas de Júpiter: Tebe, Métis e Adrastéia; e o estudo da atmosfera e das estruturas dos anéis de Saturno.
Com isso, a Voyager completou sua missão e seguiu viagem, atingindo o choque de terminação, última fronteira do Sistema Solar, em dezembro de 2004. Após Júpiter e Saturno, a Voyager 1 estudou a velocidade do vento solar, além da temperatura e níveis de radiação do espaço interplanetário.
A Voyager 1 ainda não cessou suas atividades, mas elas demoram cada vez mais para serem detectadas na Terra. Os dados enviados para a Nasa demoram cerca de 17 horas para chegar. "Essas ondas que trazem as informações da Voyager para a Terra viajam na velocidade da luz, que é grande, mas finita. Sendo assim, quanto mais longe a sonda está da Terra, maior o tempo que as ondas levam para chegar até nós", explica Prado.
O futuro da Voyager 1
Quando a Voyager 1 foi lançada, em 1977, era difícil imaginar que ela seguiria operando 35 anos depois, e com previsão de continuar ativa até 2020. "Nesta época, a Voyager 1 estará a 20 bilhões de km, 1 dia-luz de distância do sol", afirma Ferreira, pesquisador visitante do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na siga em inglês) da Nasa em 1987.
Conforme Prado, é difícil prever a duração de uma missão, ainda mais em um espaço ainda não estudado, sem saber os detalhes de radiação, que poderiam danificar os aparelhos. "Fica difícil colocar um prazo de validade, mas creio que ninguém imaginava tanto", diz.
Outro fato que torna ainda mais impressionante a Voyager 1 seguir funcionando e mandando informações é a sua tecnologia. Portando uma relíquia do início da era espacial, a sonda possui apenas 68 kilobytes de memória de computador, enquanto o menor iPod tem 8 gigabytes de memória, cerca de 100 mil vezes mais potente.
Mesmo assim, com pouca memória, a Voyager 1 registrou descobertas importantíssimas e a trajetória mais distante de um objeto terrestre. E por mais alguns anos, cada vez mais distante de casa, ela seguirá perscrutando um universo inexplorado pelos humanos. Até 2020, quando seus últimos sensores de comunicação com a Terra forem desligados. Para poupar energia, sua câmera já foi aposentada.
24 de agosto - O JPL fala sobre os furos nas rodas da sonda que formam as letras J, P e L em código morse e outros detalhes que não envolvem necessariamente pesquisa científica. Leia mais
Foto: Nasa / Divulgação
24 de agosto - A Nasa divulga o vídeo do pouso da Curiosity em Marte. As imagens em alta resolução foram registradas pelo equipamento Mars Descent Imager e mostram do momento em que a nave "larga" o robô em marte até ele chegar ao solo marciano. Veja o vídeo
Foto: Nasa / Divulgação
23 de agosto - Uma imagem registrada pela sonda em Marte levou a rumores de que o robô tinha capturado óvnis (os três pontos pretos) no céu do planeta vermelho. Contudo, um especialista afirma que os pontos não estão no céu marciano, mas no sensor da câmera - é apenas um erro que ocorre frequentemente. Leia mais
Foto: Nasa / Divulgação
Curiosity deixou suas primeiras marcas em Marte no dia 22. A sonda percorreu aproximadamente 4,5 m. Leia mais
Foto: Nasa / Divulgação
19 de agosto - O Curiosity utilizou o laser da chamada ChemCam na rocha N165, apelidada como "Coroação"
Foto: Divulgação
17 de agosto - Mosaico feito com imagens da Curiosity mostra o primeiro alvo do laser do robô. Os cientistas planejaram atirar o raio na pedra chamada de N165 para testar o equipamento. Leia mais
Foto: Nasa / Divulgação
15 de agosto - O fotógrafo Andrew Bodrov, de Tallin, na Estônia, criou esta imagem em 360° da Curiosity ao juntar diversas fotos feitas pelas câmeras da sonda em Marte. Ele usou um filtro sobre as imagens em preto e branco - segundo o fotógrafo, a Nasa não divulgou registros coloridos o suficiente para uma 360°
Foto: Andrew Bodrov/Nasa / Divulgação
14 de agosto - A Nasa divulgou nesta terça-feira uma imagem feita pela câmera HiRISE, a bordo do satélite Mars Reconnaissance Orbiter, que mostra a sonda Curiosity na superfície de Marte. Mas é preciso de um pouco de zoom para ver melhor...
Foto: Nasa / Divulgação
...A agência destacou em azul o local onde está o mais novo robô no planeta vermelho. A cor usada serve também para mostrar as marcas deixadas pelas rajadas dos retropopulsores durante o pouso (em cores naturais, o local seria mais cinza)...
Foto: Nasa / Divulgação
...A imagem foi registrada em um ângulo de 30° e mostra parte da cratera Gale. O monte Sharp, destino do robô, não aparece na fotografia
Foto: Nasa / Divulgação
12 de agosto - Imagem mostra parte da cratera Gale, localização onde a sonda Curiosity pousou em Marte
Foto: Nasa / Divulgação
Foto feita pela sonda Curiosity mostra área escavada pela aterrissagem do foguete da Nasa em Marte
Foto: Nasa / Divulgação
Sonda Curiosity registra a vista ao sul de sua localização em Marte, em direção ao Monte Sharp
Foto: Nasa / Divulgação
8 de agosto - A Nasa publicou uma foto da sonda Curiosity, que está em Marte desde a última segunda-feira, 6 de agosto. A imagem é um auto-retrato em 360ºC do jipe, tirada de uma das câmeras localizada no mastro vertical do robô
Foto: Nasa / Divulgação
7 de agosto - A imagem em 3D mostra o que está a frente da sonda Curiosity e parte do Monte Sharp
Foto: Nasa / Divulgação
Parte traseira da Curiosity mostra imagem em 3D de uma das rodas do jipe e a luz do Sol ao fundo
Foto: Nasa / Divulgação
A comparação de imagens mostra a vista da Curiosity antes e depois da nuvem de poeira ser removida. Ambas foram tiradas pela câmera na parte da frente do robô
Foto: Nasa / Divulgação
Imagem aponta detalhes de onde cada parte do material usado no pouso da Curiosity caiu em Marte
Foto: Nasa / Divulgação
Foto mostra o escudo térmico da Curiosity, que ajudou a sonda na jornada pela atmosfera marciana. Quando o objeto tocou o solo, nuvens escuras de poeira se formaram
Foto: Nasa / Divulgação
Imagem aproximada mostra o paraquedas da Curiosity chegando em Marte. A foto foi capturada pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) cerca de 24h após o paraquedas ajudar a guiar o robô à superfície
Foto: Nasa / Divulgação
A imagem em zoom mostra marcas no solo (parte escura da foto) devido ao impacto causado pelo guindaste que ajudou no transporte da sonda à Marte
Foto: Nasa / Divulgação
A imagem aproximada mostra o robô em terras marcianas. A imagem foi capturada pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) cerca de 24h depois que o jipe pousou em Marte
Foto: Nasa / Divulgação
Imagem mostra a localização (em verde) onde cientistas estimam que a sonda Curiosity pousou em Marte, baseados em imagens do processo de aterrissagem
Foto: Nasa / Divulgação
Imagem mostra uma das primeiras vistas da sonda Curiosity em Marte. As câmeras estão localizadas na base do jipe
Foto: Nasa / Divulgação
Imagem mostra a sonda Curiosity durante o pouso em Marte e o escudo térmico quando estava a cerca de 16 metros da nave. A foto foi tirada dois minutos e meio antes da sonda tocar em solo marciano e aproximadamente 3 segundos após a separação entre nave e escudo
Foto: Nasa / Divulgação
Imagem tirada pela Curiosity mostra o que está em frente à sonda: seu principal alvo científico, o Monte Sharp, que tem 5,5 km de altura. A equipe da Curiosity espera conseguir levar a sonda até a montanha para investigar suas camadas, as quais cientistas acreditam que tenham pistas para mudanças ambientais do passado
Foto: Nasa / Divulgação
Imagem obtida pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) mostra o paraquedas aberto para a o pouso. Na mesma imagem, a equipe do MRO localizou outro objeto na foto, que pode ser o escudo térmico da Curiosity. Ele foi ejetado e, segundo a Nasa, está provavelmente ainda flutuando, pois não levantou nenhuma nuvem de poeira que caracterizasse o pouso
Foto: Nasa / Divulgação
6 de agosto - Essa é a versão com resolução completa de uma das primeiras imagens registradas por uma das câmeras da sonda Curiosity
Foto: Nasa / Divulgação
Registro feito por satellite mostra a chegada da sonda Curiosity a Marte
Foto: Nasa / Divulgação
Esta imagem, bem mais aproximada, mostra o paraquedas aberto para a o pouso. O registro é da sonda Mars Reconnaissance Orbiter
Foto: Nasa / Divulgação
Emoção aumentou quando as primeiras imagens do pouso foram divulgadas
Foto: Nasa / Reprodução
A Curiosity é a maior e mais bem equipada sonda em Marte. São 10 instrumentos científicos que deixam o robô 10 vezes mais pesado e com o dobro do comprimento que a Spirit e a Opportunity, lançadas em 2003
Foto: Nasa / Reprodução
O projeto levou cerca de 10 anos para ser concluído e custou US$ 2,5 bilhões de dólares. Somente a viagem ao planeta durou mais de oito meses
Foto: Nasa / Reprodução
Cientista vibra após pouso da Curiosity
Foto: Nasa / Reprodução
Equipe se abraçou e chorou, sem esconder a emoção
Foto: Nasa / Reprodução
Cientistas vibram após a confirmação do pouso
Foto: Nasa / Reprodução
O pouso não foi nada simples, já que boa parte do processo ocorreu em velocidade hipersônica (cinco vezes a do som) e passou por uma sequência que incluiu manobras, paraquedas, foguetes e até um guindaste na última fase tudo automaticamente
Foto: Nasa / Reprodução
Simulação retrata pouso da sonda Curiosity no solo marciano
Foto: Nasa / Reprodução
A Curiosity é a maior e mais bem equipada sonda em Marte
Foto: Nasa / Reprodução
Nasa exibe simulações do pouso
Foto: Nasa / Reprodução
Após entrada na órbita, funcionários vivem "sete minutos de terror", segundo palavras da própria Nasa
Foto: Nasa / Reprodução
Equipe da Nasa aguarda confirmação do pouso
Foto: Nasa / Reprodução
Cientistas se emocionam com pouso da sonda Curiosity em Marte
Foto: Nasa / Reprodução
Imagem da Nasa mostra a sonda Curiosity no solo marciano
Foto: Reuters/Nasa / Reprodução
Após momentos de tensão, laboratório da Nasa teve explosão de alegria
Foto: Reuters/Nasa / Reprodução
Ex-astronauta Leland Melvin (centro) posa ao lado de Nichelle Nichols, atriz que interpretou o personagem Uhura na série Star Trek, e Will.i.am, músico da banda Black Eyed Peas. Todos estiveram presentes no laboratório da Nasa para acompanhar a chegada da sonda em Marte
Foto: AP
Gerentes da missão e cientistas comemoram o sucesso do pouso da sonda Curiosity na superfície de Marte. O projeto levou cerca de 10 anos para ser concluído e custou US$ 2,5 bilhões de dólares. Somente a viagem ao planeta durou mais de oito meses. Leia mais