Solly Boussidan, Direto da Antártida
Right Whale Bay, no noroeste das Ilhas Geórgias do Sul, não é um lugar comum. A praia é um local inóspito e escuro – desolador é um bom adjetivo para o lugar. Ninguém pode, entretanto, acusar o lugar de ser desprovido de vida. Além de uma pequena colônia de pinguins, o local abriga uma das maiores colônias de acasalamento de lobos-marinhos antárticos, uma das nove espécies de lobos-marinhos do planeta.
À distância estes animais são extremamente carismáticos: fazem piruetas, se coçam de forma desajeitada e brincam entre si. Os filhotes são ainda mais encantadores: lembram pequenos cães com nadadeiras ao invés de patas. A comparação com o melhor amigo do homem é bem apropriada. Segundo a líder da expedição, a bióloga americana Kara Weller, como todos os grandes mamíferos carnívoros, os lobos-marinhos pertencem à ordem Carnivora, mas diversas são as evidências biológicas que os ligam a um ancestral que talvez tenha dado origem aos ursos e canídeos [família dos cães, lobos e hienas].
As nove espécies de lobos-marinhos, juntamente com as outras seis espécies de leões-marinhos, formam a família Otariidae, ou das focas falsas – uma das três grandes famílias genericamente agrupadas na superfamília pinípedes. O nome científico do lobo-marinho antártico – Arctocephalus gazella – deriva da embarcação alemã SMS Gazelle, que coletou o primeiro espécime a ser descrito nas Ilhas Kerguelen no século XIX.. Sua distribuição é, no entanto, circumpolar na Antártida, com as maiores concentrações de indivíduos nas Ilhas Geórgia, Orkney e Shetland do Sul.
Antes de ser oficializada como uma nova espécie de lobo-marinho, o Arctocephalus gazella foi caçado extensivamente a partir de 1790. A população atual é estimada em três milhões de indivíduos – a maior parte deles concentrando-se, quando em terra, nas Ilhas Geórgia do Sul.
Foto: Solly Boussidan / Especial para o Terra