Desvalorização
As tabelas históricas disponibilizadas pelo OMB, sigla em inglês para o Escritório de Gestão e Orçamento da Casa Branca, mostram uma queda acentuada no orçamento da Nasa após meados dos anos 1960. Foi em 1966 que o órgão foi mais paparicado pelo governo americano, recebendo 4,4% do orçamento federal. No ano seguinte, houve uma redução de um ponto percentual. O número continuou em franca queda. Já em 1975, chegou a 1%, proporção que caiu pouco e se manteve no início dos anos 1990, com a implosão do bloco soviético. A partir dos 2000, voltou a cair - em 2009, recebeu apenas 0,5% do orçamento americano, número que a Casa Branca estima manter até 2015, antes de cortar mais um décimo de ponto percentual para o ano seguinte.
Para fins de comparação, os programas militares deverão receber em 2012 o equivalente a 18,1% do orçamento federal. "A crise econômica deixou muitas famílias sem condições de moradia e alimentação e um grande número de desempregados. Em uma situação assim, é difícil justificar despesas na área espacial", opina Antonio Fernando Bertachini de Almeida Prado, doutor em Engenharia Aeroespacial pela Universidade do Texas e chefe da Divisão de Mecânica Espacial e Controle do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que chama a atenção para outra questão. "O fim da guerra fria também tirou a motivação política da corrida espacial. Esses dois fatores levam ao terceiro: aos olhos do governo, o espaço não é prioridade. É triste para os amantes da ciência espacial, mas é uma realidade difícil de mudar".
Todavia, cabe reparar que os investimentos foram minguando mesmo após o frenesi do Apollo 11. Em 1971, após a administração do presidente Richard Nixon anunciar mais um corte nos recursos destinados à Nasa, foi cogitada a possibilidade de cancelamento das duas aterrissagens à Lua restantes do programa Apollo. A última missão acabou sendo a Apollo 17, que pousou na Lua em dezembro de 1972. Apollo 18, 19 e 20 foram, de fato, canceladas.
foto: AFP