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Nikola Tesla: "gênio esquecido" da eletricidade nasceu há 157 anos

Cientista visionário imaginou um mundo com eletricidade gratuita

10 jul 2013 - 07h16
(atualizado às 07h34)
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<p>Nikola Tesla (1856 - 1943) foi reconhecido tardiamente como gênio pela ciência</p>
Nikola Tesla (1856 - 1943) foi reconhecido tardiamente como gênio pela ciência
Foto: Getty Images

Um dos mais incríveis cientistas da história humana. E um dos gênios mais subestimados da espécie. Assim pode ser definido Nikola Tesla, nascido em uma cidade do antigo Império Austríaco, região da atual Croácia, em 10 de julho de 1856. Suas criações, especialmente no campo da comunicação, imiscuem-se até hoje na tecnologia do dia a dia, quase sempre sem o devido reconhecimento ao inventor.

Entre as suas contribuições nos campos da engenharia mecânica e eletrotécnica, estão os sistemas de potência elétrica em corrente alternada, sistemas polifásicos de distribuição de energia, o efeito Tesla de transmissão sem fio de energia, a robótica, o controle remoto, o radar, a ciência computacional e a balística. A invenção mais famosa, no entanto, é aquela sobre a qual reside a maior controvérsia: o rádio.

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A paternidade do aparelho mudou de mãos em disputas judiciais e de motivação comercial. Na batalha, o austríaco - naturalizado norte-americano em 1891 - sofreu com a fragilidade financeira perante o italiano Guglielmo Marconi. Curiosamente, foi a mesma vulnerabilidade que prejudicou o brasileiro padre Landell de Moura (outro que realizava experimentos de transmissão sem fio da voz humana).

A doutora em Ciências da Comunicação Sonia Virginia Moreira, professora e pesquisadora da Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), conta que Tesla chegou a patentear o aparelho rudimentar que transmitia sinais à distância, mas teve esse registro cassado pelo Departamento de Patentes dos Estados Unidos, que o concedeu a Marconi. Este, por sua vez, chegava à América para dar início à Marconi Wireless Co.

“Prevaleceu o sentido comercial e empresarial que muito caracterizaria Marconi e pouco tinha a ver com Tesla, que era um cientista voltado para os seus experimentos”, afirma a pesquisadora.

Tesla morreu em janeiro de 1943. Nove meses depois, a Suprema Corte dos Estados Unidos deu ganho de causa ao inventor ao estabelecer que nada havia no trabalho de Marconi que não tivesse sido anteriormente descoberto por Tesla. Era um reconhecimento ao gênio, embora póstumo e tardio.

Esquecimento

Um dos principais biógrafos de Nikola Tesla, o norte-americano Marc Seifer, atesta, em suas pesquisas, o esquecimento do inventor. Autor do livro Wizard: The Life & Times Of Nikola Tesla e de mais de 70 artigos sobre o inventor, além de sua tese de doutorado, ele estudou a vida do cientista para identificar suas reais criações e descobrir as razões de seu desaparecimento dos livros de história.

No texto The Lost Wizard ("O Gênio Esquecido", em tradução livre), Seifer afirma que Tesla morreu quase como anônimo por variáveis psicanalíticas e ciúmes dos colegas. Elege, no entanto, dois fatores datados de 1901 como decisivos: a amarga rivalidade com Marconi e a defesa da possibilidade de contato com seres extraterrestres.

“Numerosos críticos atacaram a credibilidade de Tesla. Penso que é justo dizer que, em termos de fama e aceitação, Tesla nunca se recuperou, ainda hoje, 60 anos depois de sua morte e mais de 100 anos após iniciar seus artigos. Seu nome caiu em desgraça, perdido por anos nos círculos ocultistas e em estantes empoeiradas”, diz Seifer em trecho do artigo, publicado em 2006.

No episódio em que defendia sua tecnologia como viável para comunicação entre planetas, Tesla rompeu com seu investidor, o empresário J. P. Morgan, então perturbado pelos ataques da imprensa. “Ao contrário do inventor, cujas ideias remetiam a lugares abstratos e futuristas, a mente de Morgan estava no presente”, conta o biógrafo.

Outro agravante foi o colapso da Bolsa de Nova York, em 1901. Conforme relata Seifer, com o pânico em Wall Street, Tesla não podia honrar suas contas e era pressionado por empresas que exigiam o pagamento imediato. Por sua vez, Morgan também se atrasava na entrega dos fundos que ainda devia ao inventor. A falência econômica de Tesla estava decretada.

<p>Nikola Tesla em seu laboratório de experimentos na cidade de Colorado Springs (Estados Unidos) em 1899</p>
Nikola Tesla em seu laboratório de experimentos na cidade de Colorado Springs (Estados Unidos) em 1899
Foto: Reprodução

Desafios

Tesla mantinha um laboratório para os seus experimentos em Colorado Springs, nas Montanhas Rochosas. Seu grande desafio, conforme Sonia Moreira, era entender como captar, armazenar e distribuir eletricidade. “A descoberta do que hoje entendemos como transmissão à distância em ondas eletromagnéticas, as ondas hertzianas, foi um 'acidente de percurso' que o levaria a se interessar pela comunicação a distância”, relata.

Entre as suas diversas contribuições, a pesquisadora elege o sistema de comunicação mundial sem fio como aquele, atualmente, em que há o “dedo” do cientista. A torre que Tesla começou a construir em Long Island, financiada por Morgan, visava a criar um sistema que capturasse energia do interior da Terra - ele baseou muito do seu trabalho no entendimento de que existia no centro da Terra energia suficiente para alimentar o planeta.

Segundo Sonia, trata-se de uma tecnologia muito parecida com o que hoje conhecemos como internet e também como a tecnologia wi-fi. “Foram as experiências de muitos cientistas - e Tesla certamente é um dos principais - que permitiu que chegássemos ao status contemporâneo e, quem sabe, futuro das comunicações”, avalia.

A pesquisadora acrescenta ainda que a experiência com a torre não deu certo porque a ideia de Tesla era distribuir de graça o que seria obtido de graça. “Isso foi o que o distinguiu e, na história da economia de mercado, fez com que fosse esquecido", conclui.

Bobina de Tesla é atração no fisl:

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