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Estudo: homens contratam prostitutas por ser um 'ato social'

Sociólogas espanholas traçam perfil de usuários; a maioria deles tem vida familiar e relacionamento estável.

7 nov 2011 - 11h25
(atualizado às 14h17)
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Um estudo realizado na Espanha sugere que homens usam mais prostituição porque, ao contrário das mulheres, "sabem distinguir entre sexo e amor". Segundo a pesquisa de dois anos da Universidade de Vigo sobre o perfil dos homens que usam prostitutas, o que eles valorizam no serviço é não ter que conquistar a mulher, nem ter que conversar com ela depois.

Para a maioria dos entrevistados, seria uma sorte poder receber dinheiro por praticar sexo. Mais de 90% dos entrevistados consideram as relações sexuais pagas uma necessidade. "Analisamos as mudanças sociais dos últimos 30 anos e vemos a substituição do modelo patriarcal, do pai protetor-provedor pela volta do modelo 'falocêntrico', o colecionador de mulheres", disse à BBC Brasil a socióloga Silvia Pérez Freire, uma das autoras do estudo.

"O que motiva (o homem) a consumir serviços de prostituição é o desejo de fortalecer seu papel dominante. Ele acaba identificando o hábito como uma necessidade social". A maioria dos usuários, um total de 80%, tem entre 30 e 40 anos e declarou ter vida familiar estável (com esposa ou namorada). A maior parte dos homens diz escolher a que seja menos parecida com a sua própria mulher.

A prostituição é o terceiro negócio mais rentável do mundo, depois dos tráficos de armas e drogas, de acordo com estatísticas divulgadas pelas Nações Unidas.

Ato social

O levantamento também concluiu que muitos homens entendem que ir em grupos aos prostíbulos é um ato social tão normal quanto um jantar de negócios. Por isso muitos pagam as prostitutas com cartões de crédito das empresas para as quais trabalham. "Essa cumplicidade faz com que a prostituição seja um sexo cômodo. Ninguém questiona nada e existe um pacto implícito sobre o que é feito dentro de um bordel. O que é dali, fica ali. Isso é um grande atrativo para políticos e pessoas influentes", disse à BBC Brasil a socióloga Águeda Gómez Suarez, co-autora do estudo.

"Diria até que se não houvesse este componente de aceitação social unido à conivência de cargos importantes de políticos a policiais, não haveria tantos bordéis."

Estereótipos

A pesquisa, feita pelo grupo Estudos Feministas da Universidade, foi transformada no livro Prostituição: clientes e outros homens, e tem três continuações previstas. O estudo classificou os consumidores do sexo pago em quatro grupos básicos: o homo sexualis, o samaritano, o homo economicus e o homo politicus.

O primeiro se valoriza pela quantidade de sexo que pratica e pelo número de mulheres. O segundo procura uma prostituta que o escute e seja mais vulnerável que ele, abrindo espaço até mesmo para uma relação sentimental com ela. O homo economicus busca emoções fortes e costumar misturar sexo com drogas. Já o homo politicus tem certo peso na consciência pelo que faz, mas não deixa de fazê-lo.

Os consumidores também classificaram as prostitutas em três categorias, que correspondem aos estereótipos mais requisitados: mulher fatal, mulher maternal e virgem. A primeira, que corresponde a 70% da preferência dos homens, é alegre e está sempre disposta a realizar qualquer fantasia sexual. A maternal simula uma relação de casal mas, com a obrigação de consolar o homem pelos problemas que ele diz ter em casa. Já a virgem é a confidente contratada até para relações sem sexo, onde o mais importante é ouvir e animar emocionalmente o cliente.

De acordo com o boletim da Associação de Proteção as Mulheres Prostituídas (Apramp), a Espanha lidera o ranking de consumo de prostituição na Europa: 39% dos homens já disseram usado pelo menos uma vez uma prostituta, seguida por Suíça, com 19%; Áustria, com 15% e Holanda, com 14%.

No relatório espanhol, os entrevistados responderam que são a favor de uma regulamentação do setor, mas apenas para que haja controle sanitário (a maioria requer realizar atos sexuais sem preservativos) e para que as prostitutas paguem impostos. Segundo as estimativas oficiais, há cerca de 700 mil prostitutas na Espanha, a maioria imigrantes ilegais e com filhos.

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