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Olavo de Carvalho defende ocupação militar da Amazônia

Ao receber homenagem em Washington, escritor diz que Macron 'conseguiu unir Brasil em torno de Bolsonaro'

29 ago 2019 - 22h56
(atualizado em 30/8/2019 às 00h41)
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O escritor Olavo de Carvalho defendeu a "ocupação militar" da Amazônia como forma de defesa contra interferências estrangeiras e afirmou que o Brasil "saiu ganhando muito" com a reação internacional sobre as queimadas na região. Na avaliação do escritor, o presidente francês, Emmanuel Macron, "conseguiu unir o Brasil em torno do (presidente Jair) Bolsonaro".

Olavo de Carvalho recebe homenagem na embaixada brasileira em Washington.
Olavo de Carvalho recebe homenagem na embaixada brasileira em Washington.
Foto: Divulgação/Embaixada Brasileira em Washington / Estadão

Macron tem sido uma das vozes mais críticas à política ambiental de Bolsonaro desde o G-20, em julho, e levou o tema das queimadas na Amazônia ao G-7, no último final de semana. Em transmissão nas redes sociais nesta quinta-feira, 29 Bolsonaro chamou de "esmola" a oferta de US$ 20 milhões do G-7 para ajudar a combater a crise ambiental na Amazônia. O Planalto tenta isolar Macron em meio à repercussão internacional negativa sobre a política ambiental de Bolsonaro e ao aumento nas queimadas e desmatamento na região. Diplomatas consideram o questionamento à política brasileira, que ocupou a primeira página de jornais estrangeiros no último final de semana, como a maior crise diplomática recente do País.

"Nós devíamos ter agradecido ao senhor Macron, que foi o grande cabo eleitoral do Bolsonaro. Saiu tudo ao contrário do que ele esperava, se deu muito mal. Agora, essa ideia de uma intervenção estrangeira na Amazônia é absurda. Nenhum governo jamais aceitaria uma coisa dessas. Ele conseguiu unir o Brasil em torno do Bolsonaro. Qualquer presidente que estivesse lá representaria a unidade nacional, falaria não, nós não queremos esses caras mandando em nós, é muito simples", afirmou Olavo a jornalistas, após receber homenagem na embaixada do Brasil em Washington.

Em maio, Bolsonaro condecorou Olavo com o grau máximo da Ordem Nacional de Rio Branco, de Grã-Cruz, indicado para autoridades de alta hierarquia. Segundo o Itamaraty, a Ordem Nacional de Rio Branco é uma comenda que o presidente do Brasil atribui a personalidades que "pelos seus serviços ou méritos excepcionais, se tenham tornado merecedoras dessa distinção". Como o escritor vive na Virgínia, nos Estados Unidos, a cerimônia para receber a homenagem foi feita na embaixada em Washington.

O evento foi conduzido por Nestor Forster - encarregado de negócios em Washington, atual chefe da embaixada brasileira. Amigo pessoal de longa data do escritor, Forster é um diplomata considerado alinhado com a chamada ala ideológica do governo Bolsonaro. Ele foi responsável por apresentar o chanceler, Ernesto Araújo, a Olavo de Carvalho.

Forster está encarregado pela embaixada do Brasil em Washington desde meados de junho, quando foi promovido ao primeiro escalão da carreira de diplomata. A cadeira de embaixador estava vaga desde o início do mês, com a volta do então embaixador, Sérgio Amaral, ao Brasil. A expectativa na embaixada era de que Forster, considerado um diplomata alinhado com o governo Bolsonaro, fosse o nomeado para o cargo. Em julho, no entanto, o presidente anunciou o desejo de indicar o filho Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL-SP, para a vaga.

Ao falar com jornalistas ao final do coquetel em que recebeu a homenagem, Olavo disse que "medidas legais e fiscalização" não adiantam para defender a Amazônia de interesses estrangeiros e defendeu a "ocupação militar".

"A única coisa que adianta é o que ele disse, tem que mandar o exército para lá. O resto tudo não adianta, medidas legais, fiscalização, nesse sentido, também não adianta, aquilo tem que ser ocupado militarmente. A Amazônia é nossa e tem que afirmar o poder nacional lá e acabou. A ocupação militar é fundamental, você não pode deixar um território à mercê de um invasor estrangeiro e reclamar que eles estão indo lá. A presença da autoridade é a base, é o negócio do olho do dono", afirmou o escritor.

Questionado se corrobora a ideia de que há ameaça de uma invasão estrangeira na Amazônia, o escritor criticou "ONGs e empresas" que, segundo ele, têm uma "influência terrível", sem dar detalhes. Ele também voltou a criticar a imprensa nacional e estrangeira.

Durante o discurso na cerimônia que o homenageou, Olavo de Carvalho disse que considera Bolsonaro o "melhor presidente que nós já tivemos" pela sua "honestidade". "Não tenho menor ideia de quais são ideias políticas dele. Ah, é a ideologia dele? Não tenho menor de ideia de qual é a ideologia dele. Mas eu sei que ele é um sujeito honesto e que vai dar o melhor de si para resolver os problemas reais e isso ele realmente está fazendo. E eu considero então que o meu trabalho é um pedacinho deste governo", afirmou. O escritor, que rejeita o rótulo de guru de Bolsonaro, disse que irá "continuar ajudando em tudo o puder" o governo.

Antes dele, Forster fez um discurso de homenagem de quase 20 minutos. "O professor venceu a ditadura esquerdista que dominava a vida intelectual brasileira até poucos anos atrás, fingindo possuir o monopólio do que poderia ser pensado", disse o diplomata, que se referiu ao escritor como "querido amigo". Forster ainda afirmou que a homenagem não era "apenas" do presidente, do chanceler e "de todo o Itamaraty", mas de "todos os brasileiros de bem que, cansados de ver a pátria aviltada e assaltada por criminosos, saíram às ruas em protesto com cartazes em que proclamavam 'Olavo tem razão'".

A cerimônia aconteceu na residência do embaixador em Washington, entre pães de queijo e brigadeiros. Depois, um pequeno grupo permaneceu para um jantar oferecido a Olavo e sua família. O cardápio incluiu uma entrada de nome "Olavo's soup" - ou "sopa do Olavo" - em homenagem ao convidado. O escritor permanece em Washington até sexta-feira e deve se encontrar com o filho do presidente deputado Eduardo Bolsonaro e com Araújo, que estarão na capital americana para um encontro com o presidente Donald Trump.

Estadão
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