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Queimadas crescem 334% no ano no Pantanal em relação a 2018

Mato Grosso do Sul decreta emergência e pede ajuda federal contra incêndios que devastam região; município de Corumbá assume liderança no ranking nacional

12 set 2019 - 12h41
(atualizado em 13/9/2019 às 10h20)
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SOROCABA - O total de incêndios no Pantanal de 1.º de janeiro a 11 de setembro deste ano cresceu 334% em relação ao mesmo período de 2018, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número saltou de 1.039 para 4.515. A situação fez com que o governo de Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso decretassem situação de emergência esta semana. Até esta quinta-feira, o fogo havia consumido 1 milhão de hectares em Mato Grosso do Sul, segundo estimativa do Ibama. O Pantanal é considerado um dos biomas mais importantes do País.

Cerca de 200 bombeiros foram deslocados para o Pantanal
Cerca de 200 bombeiros foram deslocados para o Pantanal
Foto: Governo do MS/Divulgação / Estadão

O decreto, assinado pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB), foi publicado no Diário Oficial desta quinta e tem o objetivo de garantir recursos e apoio do governo federal para o combate às chamas, que avançam sem controle áreas rurais em nove municípios. O Ministério do Desenvolvimento Regional, que tem em sua estrutura a Defesa Civil nacional, informou que espera o reconhecimento da situação de emergência para definir as medidas de apoio que serão necessárias.

Em Mato Grosso do Sul, a quantidade de queimadas no ano mais que triplicou ante o mesmo período de 2018, subindo de 1.902 para 6.301. O fogo se concentra nos municípios de Aquidauana, Anastácio, Dois Irmãos do Buriti, Corumbá, Ladário, Bonito, Miranda, Porto Murtinho e Bodoquena. Corumbá, no Pantanal Sul, assumiu a liderança no ranking nacional de queimadas, com 1.834 focos este ano - 634 só este mês. Nas últimas 48 horas, no Estado, foram 397 novos pontos de fogo, 90% deles criminosos, segundo Jaime Verruck, secretário do Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar.

O Pantanal é considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta e mantém mais de 80% de sua vegetação nativa. A região, que ocupa 1,76% do território brasileiro, abriga grande diversidade de espécies de fauna e flora.

O decreto considera o mês de setembro como o mais crítico para incêndios florestais em razão da estiagem de quase 60 dias, a baixa umidade do ar e os alertas para ondas de calor em Mato Grosso do Sul, com alto risco à população. Conforme o governo estadual, houve também aumento expressivo no atendimento em unidades de saúde por doenças relacionadas à qualidade do ar.

A situação de emergência vigora por 180 dias e autoriza a mobilização de toda a estrutura do Estado em ações de resposta ao desastre. O governo pode convocar voluntários para reforçar o aparato oficial. Segundo Verruck, do Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, o número aumentou drasticamente nos últimos dias e o fogo se expandiu velozmente.

Parque Nacional Serra da Bodoquena, no Pantanal, é um dos locais atingidos pelas queimadas
Parque Nacional Serra da Bodoquena, no Pantanal, é um dos locais atingidos pelas queimadas
Foto: Governo do MS/Divulgação / Estadão

O Corpo de Bombeiros deslocou 200 homens, inclusive militares que estavam de folga, para as frentes de combate às chamas, mas espera por reforços em pessoal e equipamentos do Ministério do Desenvolvimento Regional e do Exército. Foi pedido também apoio operacional às empresas de celulose e entidades ligadas ao agronegócio.

Nesta quinta-feira, o governo esperava a chegada de aeronaves pedidas ao Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), órgão do Ministério, para se juntar aos dois aviões que já estão na área. O comandante do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel Fernando Carminati, sobrevoou a região durante seis horas na tarde de quarta-feira e constatou os focos de maior gravidade estão na região do Pantanal e em sua borda, abrangendo os municípios de Aquidauna, Miranda e Corumbá. Ele contou que o piloto foi obrigado a operar a aeronave por instrumentos devido à densa fumaça.

O fogo mais intenso consumia matas da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Estância Caiman, um polo de turismo ecológico importante do Pantanal e que desenvolve projetos de preservação da fauna. Um avião agrícola é usado no combate às chamas. As queimadas lançaram uma cortina de fumaça sobre a capital, Campo Grande, e os pilotos que usavam o aeroporto internacional precisaram recorrer à ajuda de instrumentos por falta de visibilidade, na manhã desta quinta-feira.

A Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul informou que os órgãos policiais estão orientados para apurar e punir os responsáveis pelos incêndios no Estado. Segundo balanço divulgado nesta quinta-feira, 12, pela Polícia Militar Ambiental, desde julho, 17 pessoas (entre físicas e juridícas) foram multadas, por ações que resultaram em incêndios. Foram aplicadas multas de R$ 1,9 milhão. Os autuados foram responsabilizados pela queima de 1,5 mil hectares em 11 municípios. Das autuações, cinco foram em perímetro urbano. As maiores queimadas que renderam multas aconteceram em canaviais, mas também houve autuações por incêndio em matas e áreas de preservação ambiental.

Ainda segundo a PM Ambiental, a identificação dos culpados pelos incêndios é um trabalho criterioso para evitar que sejam penalizados produtores rurais que também são vítimas das queimadas. "Muitos proprietários rurais têm suas fazendas invadidas por incêndios, advindos de margem de estradas, muitas vezes colocados por usuários, ou devido a alguma limpeza ilegal", informou em nota. É o caso, segundo a corporação, de uma área queimada de 1.181 hectares de lavoura e vegetação nativa, no último dia 9. A apuração indica que o proprietário foi vítima de incêndio criminoso. Desde julho, os órgãos ambientais do Estado não emitem licença para a queima controlada. No Pantanal, a proibição de queima controlada vai até 30 de outubro.

O incêndios em MS em números

  • Área queimada neste ano: 1 milhão de hectares
  • Total de focos neste ano: 6.301
  • Focos no mesmo período em 2018: 1.902
  • Focos em Corumbá: 1.834
  • Focos nas últimas 48 horas: 397
  • Número de municípios em emergência: 9
  • Bombeiros na frente de combate: 200

Fontes: Defesa Civil e Inpe

Estadão
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