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'Quem não for sustentável, ficará para trás', diz presidente da Microsoft no Brasil

Executiva participou nesta quinta-feira de evento sobre organizado pelo 'Estadão' e que reúne lideranças para discutir a retomada verde no País

3 set 2020 - 14h08
(atualizado às 15h06)
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O compromisso das empresas com uma agenda verde, e que busque aliar o crescimento econômico a uma expansão socialmente responsável, é hoje a única alternativa de garantir sobrevivência às corporações na economia, seja no mercado brasileiro, seja no resto do mundo. Essa foi a conclusão do segundo módulo do seminário batizado de Retomada Verde, que vem sendo realizado pelo Estadão nesta quinta, 3, e na sexta-feira, 4 (veja como se inscrever no seminário em https://bit.ly/2YPvH4c).

A mesa de debates online reuniu três executivas que lideram ações de sustentabilidade no País, a presidente da Microsoft Brasil, Tânia Cosentino, a diretora global de sustentabilidade da Natura, Denise Hills, e a gestora de portfólio da Robeco Asset Management, Daniela da Costa-Bulthuis. A moderação foi feita por Mônica Ciarelli, chefe da sucursal do Estadão no Rio.

Elas observaram que iniciativas de descarbonização produtiva e programas que incentivem uma nova tomada de atitude por parte de presidentes, executivos e coloboradores impactam diretamente no lucro das companhias no final do período.

"Existem estudos provando que empresas sustentáveis têm o retorno sobre o capital investidor maior", disse Daniela, da firma de investimentos Robeco, fundada em 1929 na Holanda e que faz a gestão de fundos de investimento.

"Se for ver a análise de fundos, a gente está vendo uma sistemática melhor perfomance de fundos sustentáveis ao invés de fundos comuns. No primeiro quartil de fundos que performaram melhor do que o índice de referência, a maioria tem produtos que têm de alguma forma medidas de sustentabilidade embutidas no processo de investimento. Não é à toa que agora a maior asset management do mundo adotou políticas de sustentabilidade", afirmou ela, em referência à americana BlackRock, com US$ 6,96 trilhões em ativos sob administração. No começo do ano, o presidente da gestora, Larry Fink, comunicou o mercado que estava colocando a sustentabilidade como centro dos invetimentos.

Vida ou morte

Para a presidente da Microsoft, Tânia Cosentino, que integra a lista de 80 empresários e executivos que em julho cobrou do governo uma agenda verde para a economia, a sustentabilidade é questão de vida ou morte. "A gente está vendo sinais claros como empresa que, se você não participar da descarbonizaçao da economia, você vai ficar para trás. O consumidor que tiver poder de escolha vai te descartar, o investidor já está descartando e a sua credibilidade e capacidade de buscar investimento vai ficar comprometida", afirmou.

Denise Hills, da Natura, entende que não é possível fazer negócios de outra forma, que não colocando a agenda da sustentabilidade em primeiro lugar. "Não existem mais negócios que são capazes de gerar retornos para os acionistas sem o consequente retorno positivo para a sociedade."

Na segunda parte do evento, as executivas foram questionadas pelos leitores do Estadão sobre temas que vão desde a economia informal, e seu impacto na sustentabilidade, até o nível de engajamento dos empresários. Sobre a falta de empregos com carteira assinada e como isso repercute no desenvolvimento sustentável, Denise afirmou que é preciso repensar as relações de trabalho existentes na floresta amazônica, reforçando investimentos em tecnologia.

"O modelo construído na Amazônia nos últimos 40 anos não foi suficiente para explorar o desenvolvimento econômico, social ou sustentável", disse a gestora da Natura. "Nesse mundo que a gente está desenhando, apontando para quase 3 graus celsius de aquecimento global, não há viabilidade humana em alguns lugares. Não é a questão de buscar emissão de carbono neutra, é carbono zero, e ainda não temos tecnologia para isso."

Sobre o engajamento do empresariado brasileiro, Tânia acredita que ainda falta conscientização, mas que a cobrança da sociedade tem estimulado que o tema ganhe importância dentro das companhias.

"Não me importo se as empresas vão fazer as coisas pelo amor ou pela dor, desde que façam. No empresariado, acredito que já existam alguns executivos que façam por amor, que acreditam, mas há outros que estão percebendo que, se não se adequarem, eles vão estar fora do mercado. É uma preocupação que está no topo dos conselhos das empresas", aponta a presidente da Microsoft Brasil.

Daniela diz que cada vez mais investidores vão cobrar mudanças de atitudes de empresas, e que vão se unir em prol de iniciativas sustentáveis, e que isso pode ser um bom guia para empresas pautarem sua evolução.

"As empresas podem mudar o rumo. Você pode mudar a sua maneira de atuar. E os investidores estão olhando para isso. Estamos tentando ajudar essas empresas a melhorar aspectos de governança, ambiental e social", afirma a gestora de portfólio. "Acho que esse engajamento coletivo será uma prática cada vez mais comum, em que os investidores buscam uma opção de longo prazo para determinados problemas e determinadas indústrias."

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Estadão
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