Um dia depois de paralisação, militares autorizam retomada de operação em terra indígena no Pará
Ação contra garimpo ilegal estava sendo feita na região de Jacareacanga, no Pará, e foi suspensa por decisão do Ministério da Defesa
BRASÍLIA - Um dia depois de mandar paralisar uma operação do Ibama realizada no Pará, nas terras indígenas Munduruku, o Ministério da Defesa informou nesta sexta-feira, 7, que a retomada das ações foi autorizada, "no âmbito da Operação Verde Brasil 2", que é liderada pelos militares.
Por meio de nota, a pasta declarou que "as operações haviam sido temporariamente suspensas, por um dia, na quinta-feira (6/8), atendendo à solicitação dos indígenas, para permitir avaliação de resultados e a realização de encontro de representantes dos indígenas com o Ministério do Meio Ambiente, em Brasília".
Ainda na quinta-feira, afirmou o ministério, representantes dos indígenas mundurukus foram levados a Brasília, em aeronave da Força Aérea Brasileira, e foram recebidos na sede da pasta, onde apresentaram seus pleitos e preocupações.
"Nesta sexta-feira (7/8), os representantes dos indígenas regressaram às suas terras, também em aeronave da Força Aérea Brasileira. Ressalta-se que a Operação Verde Brasil 2 permanece ativa e atuante em toda Amazônia Legal. Todas as ações referentes à Amazônia são coordenadas no âmbito do Conselho Nacional da Amazônia Legal, presidido pelo Vice-Presidente da República", declarou o ministério.
Como mostrou ontem o Estadão, a operação do Ibama contra garimpo ilegal que estava sendo feita na terra indígena, na região de Jacareacanga, no Pará, foi suspensa por decisão do Ministério da Defesa. Não se tratava de uma iniciativa do Exército, mas do próprio Ibama. Três helicópteros do órgão ambiental que estavam na Base da Força Aérea Brasileira na Serra do Cachimbo foram proibidos de decolar nesta quinta, conforme informações obtidas pela reportagem.
Tratava-se de uma operação do Grupo Especializado de Fiscalização (GEF), considerado a tropa de elite do Ibama. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi ao local com o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Olímpio Ferreira Magalhães, e chegou a sobrevoar na quarta-feira as áreas de garimpo ilegal na terra indígena acompanhado de jornalistas.
A operação deveria continuar nesta quinta, mas a coordenação de fiscalização do Ibama recebeu um documento do Ministério da Defesa suspendendo todas as ações na região. Questionada pelo Estadão, a pasta informou inicialmente apenas que as operações haviam sido "interrompidas para reavaliação".