Ciro vê "grave crise institucional" e Bolsonaro "isolado"
Para pedetista, reunião de ministro da Saúde com autoridades do Legislativo e Judiciário foi a pior reação aos atos pró-governo
A reunião do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, com autoridades do Legislativo e Judiciário passa a clara ideia de que Jair Bolsonaro está sendo isolado do diálogo sobre o novo coronavírus, afirmou o ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE) nesta segunda-feira, 16, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.
"É uma disfuncionalidade institucional. Havia claramente uma ideia de que o presidente estava sendo isolado no diálogo que tem a ver com a saúde e vida do nosso povo", afirmou o pedetista sobre o encontro de Mandetta com os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, para tratar do coronavírus.
Para Ciro, a reunião com o ministro da Saúde foi a pior reação que se poderia ter às manifestações de 15 de março contra o Congresso e o STF. Ele disse ainda ver uma "grave crise institucional", dado esse conflito entre poderes. "O presidente da república vai se confraternizar com gente que está fazendo cartaz propondo queimar o Supremo, e o Supremo deu uma liminar proibindo investigar o filho do presidente da república. É o Bolsonaro que tá contra o STF mesmo?", questionou. "O STF tem que ser compenetrado à sua altura e executar o direito."
Ainda durante a entrevista, Ciro afirmou que tem conversado com muitos generais e que a percepção deles é de que Bolsonaro está sentindo "faltar os chãos nos pés". Por isso, o presidente está tentando se cercar de uma estrutura que, de acordo com o ex-ministro, merece a respeitabilidade, pelo menos ainda, da nação brasileira. "Porém, esses generais estão muito preocupados com o alinhamento automático do Bolsonaro aos interesses miúdos da rotina norte-americana", afirmou.
Com sintomas de gripe e tosse seca, o ex-ministro participou do programa por videoconferência. Ele disse que está em isolamento por orientação dos médicos. O pedetista, que foi derrotado na eleição presidencial de 2018 - ficou em 3.º lugar na disputa, já se coloca como pré-candidato para o pleito de 2022. Ciro atribuiu a vitória de Bolsonaro ao que ele chama de "lulopetismo". "Não existira o bolsonarismo boçal, golpista, se não fosse o 'lulopetismo', a debacle econômica sem precedentes produzida pelo PT".