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A principal infraestrutura da Amazônia é a floresta em pé

Saiba o que é a Carta de Alter, documento final do maior encontro de organizações ambientais, associações locais e institutos de pesquisa da Amazônia

8 jul 2022 - 04h19
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por Angélica Q

A Carta de Alter, documento final do maior encontro de organizações ambientais, associações locais e institutos de pesquisa da Amazônia, defende um desenvolvimento para as pessoas e com o meio ambiente 

Foto: Climatempo

Trabalho de Ricardo Abramovay, professor da USP, foi base para a Carta de Alter (Foto: Rodrigo Vargas - ICV)

Após três dias de debates em Alter do Chão (PA), organizações socioambientais, pesquisadores e cientistas atuantes em todo o país, lideradas pelo GT Infraestrutura, lançaram um documento com recomendações para a participação da sociedade no debate eleitoral deste ano. A Carta de Alter traz propostas de infraestrutura que o grupo considera prioritárias para a construção de um novo Brasil e de uma Amazônia que cuide da floresta, das suas cadeias de valor e das pessoas que nela vivem a partir de 2023.

O encontro reuniu e articulou movimentos locais, lideranças indígenas e ribeirinhas, movimentos dos atingidos por barragens, organização da sociedade, academia e jornalistas para conversar sobre os caminhos para a construção coletiva de uma economia sustentável na região. O agravamento do processo de devastação da Amazônia e as ameaças e assassinatos de lideranças e de defensores foram alguns dos motivadores da iniciativa.

"Somos contra projetos que nos matam, matam nossos rios e nossa floresta. Esses grandes projetos não são infraestrutura para nós, precisamos de pequenos projetos, que nos fortaleçam (...) A principal infraestrutura da Amazônia é a floresta em pé", afirma Maura Arapiun, secretária do Conselho Indígena Tapajós Arapiuns.

"Queremos buscar respostas e articular ações e soluções frente aos velhos e novos desafios da região, agravados por um governo que apoia ilegalidades e atividades desestruturadoras da floresta e de suas comunidades", completa Sérgio Guimarães, secretário executivo do GT Infra. 

"O Brasil pode ajudar o planeta a mitigar os efeitos da crise climática. No quesito infraestrutura, para tanto precisamos de infraestrutura PARA a Amazônia e não apenas NA Amazônia. Devemos considerar fundamentalmente o respeito e a promoção de arranjos socioprodutivos capazes de conviver com a floresta e garantir o acesso a direitos básicos como saúde, educação, energia e saneamento", diz trecho da carta.

As quatro dimensões para planejar a infraestrutura na Amazônia

A carta tem como base um trabalho conduzido pelo professor da Universidade de São Paulo (USP), Ricardo Abramovay, que propõe quatro dimensões necessárias para repensar o assunto: natureza, cuidado, serviços e organização coletiva. Durante o encontro em Alter do Chão, Abramovay lançou o livro "Infraestrutura para o desenvolvimento sustentável da Amazônia" (Elefante), no qual desenvolve um novo modelo para promover, de fato, o desenvolvimento sustentável na Amazônia.

Sobre o GT Infraestrutura

O GT Infraestrutura é uma rede focada no estudo e debate da infraestrutura com justiça socioambiental em busca de uma economia da sociobiodiversidade na região amazônica. Para isso promove o conhecimento acadêmico e tradicional e constrói pontes entre comunidades, organizações e pessoas. Desde 2012, vem trabalhando na articulação de e contribuindo com o aperfeiçoamento de organizações e atores sociais da região em temas ligados à infraestrutura, especialmente energia, transportes, clima e cidades. 

Foto: Climatempo
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