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Ciclone tropical, subtropical e extratropical

Qual a diferença entre estes sistemas?

16 nov 2016 - 23h04
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Existem ciclones tropicais, ciclones subtropicais e ciclones extratropicais. Todos eles são sistemas de baixa pressão atmosférica onde o ar se movimenta no sentido horário, no Hemisfério Sul, e no sentido anti-horário no Hemisfério Norte. Ciclones são associados com grandes áreas de nuvens carregadas que provocam chuva intensa. A diferença de pressão atmosférica entre o centro do sistema e a porção mais externa aumenta a velocidade do vento.

Entenda como e onde se formam os ciclones extratropical, subtropical e tropical com explicações do meteorologista Luiz Gozzo, um especialista em climatologia de ciclones tropicais.

Quais as diferenças entre ciclone extratropical, subtropical e tropical?

A principal diferença prática, para previsão do tempo, entre estes dois tipos, é que o ciclone extratropical possui regiões de frente fria e frente quente, causando padrões de tempo distintos nessas duas regiões. Os ciclones subtropical e tropical não têm frente fria associada.  

Foto: Climatempo

Nas imagens de satélite, os ciclones subtropicais e tropicais aparecem como uma massa de nuvens em formato arredondado. Os ciclones extratropicais aparentam ser uma espiral. Os tropicais têm uma forma aparente ainda mais arredondada do que um ciclone subtropical.

Catarina foi um ciclone tropical e o primeiro furacão que se formou no Atlântico Sul e atuou entre 24 e 28 de março de 2004.

Foto: Climatempo

Anita foi um ciclone subtropical que se originou perto do litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina entre 8 e 12 de março de 2010. Arani foi um um ciclone subtropical que se formou entre o litoral o Rio de Janeiro e do Espírito Santo entre 10 e 16 de março de 2011.

Em 2015 houve a formação de dois ciclones subtropicais na costa das Regiões Sul e Sudeste. O ciclone subtropical Bapo se originou na costa de São Paulo e atuou entre 5 e 8 de fevereiro de 2015. Cari foi um ciclone subtropical que se originou na costa de Santa Catarina em 10 de março de 2015.

Os ciclones extratropicais estão em geral associados com as frentes frias. Na imagem de satélite abaixo, de 27 de outubro de 2016, o ciclone extratropical é a região onde se vê bandas de nuvens enroladas, como um caracol, na costa do Rio Grande do Sul. As bandas de nuvens da frente fria associada com este ciclone extratropical aparecem entre o Rio de Janeiro, o centro-sul de Minas Gerais e São Paulo.

Foto: Climatempo

A temperatura do interior define o tipo de ciclone

Uma das diferenças mais importantes entre os ciclones tropicais, subtropicais e extratropicais é a temperatura no seu centro. Próximo da superfície, o centro dos ciclones extratropicais é mais frio do que atmosfera ao redor, enquanto que o centro dos ciclones subtropicais é mais quente do que a atmosfera ao redor. Isso deixa a atmosfera mais instável e aumenta as condições para ocorrência de tempestades severas. 

Foto: Climatempo

Como se mede o tamanho dos ciclones?

Os ciclones subtropicais têm tamanho horizontal menor do que os extratropicais e podem causar condições de tempo severo em regiões localizadas. Os subtropicais, em geral provocam volumes de chuva e ventos mais elevados do que os extratropicais. Os ciclones tropicais podem variar muito de tamanho. 

Foto: Climatempo

Diferenças na variação da pressão com a altitude

Todos os ciclones acontecem em regiões da atmosfera onde ocorre uma acentuada queda da pressão do ar. Uma característica marcante dos ciclones subtropicais e tropicais é que os núcleos de baixa pressão em diferentes níveis da atmosfera ficam sobrepostos, como se estivessem "empilhados" um sobre o outro, desde a superfície até níveis mais altos da atmosfera. O "giro" do ciclone próximo da superfície está alinhado com o giro que ocorre a 3 km de altura, e também com o giro que ocorre a 5 km de altura, e assim sucessivamente. Os centros de baixa pressão dos ciclones extratropicais, por outro lado, não são alinhados na vertical. As áreas de baixa pressão em altitude ficam deslocadas para leste em relação ao centro de baixa em superfície. 

Foto: Climatempo

Por que março tem tantos ciclones no Hemisfério Sul?

Março pode ser considerado o mês dos ciclones no Hemisfério Sul. Depois de todo o aquecimento solar recebido desde o fim da primavera, é em março, no fim do verão, que as águas dos oceanos no Hemisfério Sul estão mais quentes. É em março que temos o maior armazenamento de calor na atmosfera e nos oceanos e água quente é o principal ingrediente para a formação dos ciclones tropicais e dos ciclones subtropicais.

Por que os ciclones tropicais e subtropicais são raros no Brasil, no Atlântico Sul?

Ciclones subtropicais e tropicais precisam de três ingredientes básicos para a sua formação: alta temperatura da superfície do mar, muita umidade próximo da superfície, e um ciclone frio ocorrendo também nos médios níveis da atmosfera (em cerca de 5 km de altura). Não é sempre que a temperatura da superfície do mar está suficientemente alta, não é sempre que existe umidade suficiente na região e não é sempre que um ciclone frio ocorre a 5 km de altura. Então, a ocorrência desses 3 fatores, ao mesmo tempo, e em posições favoráveis, não é muito comum. Por isso estes sistemas são raros.

Já os ciclones extratropicais, por outro lado, são bem comuns porque seus ingredientes fundamentais (variação de temperatura na horizontal perto da superfície e frentes frias ocorrem constantemente na atmosfera.

Onde os ciclones se formam?

Cada tipo de ciclone tem uma região preferencial de formação no globo.  Os tropicais em geral se formam na faixa de latitude entre 20° ao sul (20°S) e 20° de latitude norte (20°N). Entre 20° e 30°, nos dois hemisférios, podemos ter a formação dos ciclones tropicais, subtropicais e também extratropicais. Nas latitudes maiores do que 30°S e 30°N temos apenas os ciclones extratropicais.    No Hemisfério Sul, a Antártica é "mãe", isto é, a região de formação de quase todas as frentes frias e dos ciclones extratropicais associados a cada uma delas. 

Foto: Climatempo
Climatempo
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