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Clima agrava incêndios na Austrália

Autoridades alertam para piora das condições, com ventos fortes e maior calor, enquanto país tem recorde de evacuações.

3 jan 2020 - 16h44
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Várias cidades no sudeste da Austrália temem condições ainda mais catastróficas neste fim de semana, com o agravamento dos incêndios florestais devido à piora das condições climáticas, enquanto as autoridades reforçam os pedidos para que a população deixe a região.

Foi declarado estado de emergência numa região densamente povoada no sudeste australiano, e mais de 100 mil habitantes em três estados receberam ordens de evacuação. "Ainda há uma brecha para que as pessoas saiam", disse a governadora de Nova Gales do Sul, Gladys Berejiklian. "Se você não precisa estar na área, então precisa sair."

Centenas de milhares de turistas terminaram mais cedo suas férias de verão em uma popular faixa de 300 quilômetros ao longo da costa, gerando grandes congestionamentos nas estradas para Sidney e Canberra. O secretário de Transportes de Nova Gales do Sul disse tratar-se da maior evacuação já registrada na região.

Na cidade litorânea de Mallacoota, em torno de 4 mil moradores e turistas se abrigam na praia desde a virada do ano para se proteger das chamas. Dois navios da Marinha australiana resgataram mais de mil pessoas do local. Segundo o comandante de uma das embarcações, 963 foram evacuadas por mar, e outras por via aérea.

O Serviço de Meteorologia alertou que as condições devem ser iguais ou piores do que as registradas durante a noite de Ano Novo. "Ventos fortes e secos vindos do oeste farão os fogos se intensificarem mais uma vez, ameaçando comunidades que já vivenciaram ampla devastação", alertou o meteorologista Jonathan How. A situação deve piorar também em razão das temperaturas altas, devendo ultrapassar os 40º em alguns locais.

O governador de Victoria, Daniel Andrews, declarou situação de catástrofe na maior parte do território, levando o governo a ordenar evacuações numa área com 140 mil habitantes e dezenas de milhares de turistas. "Se você pode sair, então deve sair", instou.

No estado de Austrália do Sul, as autoridades também se preocupam com as condições meteorológicas. "As fontes de deflagração já estão aí", disse o chefe do Serviço de Combate ao Fogo, Mark Jones. "Há milhões de faíscas prontas para eclodir, se passarem pelas linhas de contenção."

As autoridades do estado elevaram o risco de perigo com os incêndios na maioria dos distritos de "muito alto" para "extremo", assim como ocorre em Nova Gales do Sul e Victoria. Nos dois estados, foram confirmadas dez mortes nos últimos dias, e há 28 desaparecidos, apenas em Victoria. Incêndios também ocorrem no oeste e sul da Austrália e na Tasmânia.

Os incêndios florestais, deflagrados em setembro, são os piores já registrados no país. Em torno de 5 milhões de hectares foram consumidos pelas chamas; pelo menos 19 pessoas morreram, e mais de 1.400 casas foram destruídas, 448 apenas na semana corrente em Nova Gales do Sul.

Foto: Climatempo

Incêndios na Austrália 3-1-2020

Quase meio bilhão de animais mortos

Segundo um estudo da Universidade de Sidney, cerca de 480 milhões de animais podem ter morrido nos incêndios, apenas em Nova Gales do Sul, onde até esta sexta-feira havia mais de 150 focos de incêndio. O estudo se baseia em estimativas anteriores da densidade populacional de animais em áreas de remoção de florestas, multiplicados pela área de vegetação.

Em nota, a Universidade afirmou que os pesquisadores utilizaram estimativas "conservadoras" ao calcularem as perdas de vida animal. "A mortalidade real é provavelmente maior do que a calculada", disse a instituição.

"Muitos dos animais provavelmente morreram diretamente pelo fogo, ou sucumbiram por falta de alimentos e abrigo, além da predação de gatos selvagens e raposas-vermelhas". Os dados incluem mamíferos, aves e répteis, excluindo insetos, morcegos e sapos.

Em novembro, ambientalistas relataram ao Parlamento de Nova Gales do Sul que no mínimo 2 mil coalas teriam morrido nos incêndios, ressalvando tratar-se de estimativas eram extremamente cautelosas. A destruição do habitat desses animais aumentou o risco de extinção, que já era grande devido aos danos com a dizimação de florestas para a agricultura e desenvolvimento urbano.

Fazendeiros e pecuaristas perderam dezenas de milhares de animais. Muitos tiveram de ser sacrificados por estarem sofrendo de estresse térmico ou queimaduras. De acordo com Fiona Simson, presidente da Federação Nacional de Agricultores, o setor de laticínios foi um dos mais afetados.

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