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ODS 6: para economizar água, primeiro precisamos ter acesso

O Brasil tem cerca de 12% de toda água doce disponível no mundo. Mesmo assim, quase 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada

22 nov 2021 - 15h16
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por Angélica Queiroz (jornalista, O Mundo Que Queremos)

Em 2021, o Brasil vive uma crise hídrica sem precedentes, que resultou em uma crise energética também histórica. Como, se temos cerca de 12% de toda a água doce do mundo? Reflexo das mudanças climáticas, que afetam o regime de chuvas em várias regiões. No entanto, nossos problemas com água não começaram agora, só foram agravados.

Segundo dados do Trata Brasil, uma ONG que reivindica a universalização do acesso à água e saneamento, quase 35 milhões de brasileiros não têm acesso a água tratada. E quase 100 milhões não têm acesso à rede de esgoto. Garantir esses dois direitos, que deveriam ser básicos, é o objetivo do ODS 6, tema desse texto. Até 2030, a meta é que todos tenham acesso a água potável, saneamento e higiene adequados.

A meta leva em conta não apenas que todos precisamos de água para viver, mas também que melhorar a qualidade da água ajuda a reduzir a poluição e a contaminação de rios, mares e outras fontes de água potável, ou seja, também tem a ver com sustentabilidade.

As recomendações do ODS ressaltam ainda que a indústria e a agricultura devem fazer um uso mais racional da água, investindo em eficiência para gastar menos. Em casa, todos podemos fazer a nossa parte para economizar também, mas, para isso, precisamos, antes, ter acesso a esse serviço.

Investimento em saneamento básico é economia na saúde

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que no Brasil, cada R$ 1 investido em saneamento poderia gerar uma economia de R$ 4 na saúde. Segundo o Trata Brasil, só em 2019 foram registradas mais de 273 mil internações por doenças de veiculação hídrica e mais de R$108 milhões de reais foram gastos com internações por essa causa só no Sistema Único de Saúde (SUS).

Região Norte é a mais carente

No Brasil, a questão da água evidencia a desigualdade entre suas Regiões. Enquanto nas Regiões Sudeste e Sul, mais de 90% da população tem acesso a água tratada, na Região Norte, só 57,5% da população é abastecida com água tratada. Se falamos de saneamento, a situação é ainda pior. O Norte fornece rede de esgoto para 12,3% da população, no Sudeste quase 80% das pessoas são atendidas.

Além das questões de orçamento e investimentos dos governos, o tamanho da região Norte é um agravante. Difícil imaginar que em meio a um dos maiores rios do mundo, o Amazonas, muita gente não tem água para beber, não é mesmo? Mas é a realidade, porque as águas dos rios costumam ser impróprias para o consumo humano e precisam ser tratadas para isso. Segundo dados do Trata Brasil, o Norte perde 55,2% da água potável por falta de infraestrutura adequada. 

Para conseguirmos cumprir esse ODS precisamos, outra vez, começar olhando para a floresta. Essa é a região do país que mais precisa de investimentos e não estamos falando de megaprojetos que incentivam o desmatamento, mas de infraestrutura de serviços para a população que vive lá e ajuda a preservar nossa biodiversidade. Afinal, a floresta em pé também está entre as soluções para nossa crise hídrica. Tudo está interligado.

ODS

Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS, fazem parte do plano de ação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, definida em 2015, durante uma reunião de líderes mundiais na sede da ONU, em Nova York. Os ODS são tarefas válidas para todo o mundo, com objetivos comuns para fazer do planeta um lugar mais justo e sustentável. Aqui a gente explica melhor e conta quais são eles.

Foto: Climatempo
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