Será que esse lixo é seu?
Em 50 anos, podemos ter mais plástico no mar do que peixes.
Todos os anos, milhões de toneladas de lixo são despejadas no oceano. Aquela casca de banana que você jogou fora, a caixa de papelão que trouxe seu novo celular pra casa e, às vezes, até a geladeira que você não quis mais, pode ter ido parar no mar. No entanto, o material mais encontrado nos nossos oceanos é o plástico. O oceanógrafo Alexander Turra explica que, "devido à durabilidade e flutuabilidade, o material (muitos polímeros flutuam na água do mar) acaba sendo persistente e amplamente disperso pelas correntes marítimas. Outros resíduos, como metais, vidro ou concreto afundam rapidamente e não se tornam tão visíveis". São toneladas e toneladas de plástico despejados no mar, que podem ser ingeridos e matar animais marinhos. Segundo um relatório preparado pela Fundação Ellen MacArthur, em 2016, estima-se que em 2050 haja mais itens plásticos (em peso) no mar do que peixes!
Mas, esse lixo é seu?
O lixo que está no oceano pode vir de fontes marinhas, como de navios e da pesca. No entanto, 80% vêm de fontes terrestres. Então, esse lixo é seu! As cidades litorâneas, como muitas vezes despejam o lixo direto no mar, são grandes responsáveis pelo descarte desse material nos oceanos. Porém, a sujeira jogada nos rios e estuários que correm pelo interior do país, eventualmente, também vai parar no mar. Turra destaca "Ênfase deve ser dada as áreas de ocupação irregular, aonde não chegam serviços de coleta e tratamento de esgotos e de coleta e destinação final de resíduos sólidos".
Tá, mas e eu com isso?
Além dos impactos na vida marinha e no meio ambiente, o lixo nos oceanos pode te afetar diretamente. Sabe aquele feriadão no litoral? Agora imagina como seria se aquela praia linda que você frequenta ficasse cheia de lixo. Esse é um dos impactos estéticos associado ao problema. Parte dos plásticos e outros resíduos que foram jogados nos oceanos acabam parando na costa e ainda por cima deixam a água imprópria para aquele seu banho de mar. Dessa forma, todo o turismo da região é prejudicado.
E agora?
Uma solução fácil e pouco utilizada é a reciclagem. De novo esse papo de reciclagem? Pois é, apesar de muito falado e simples de fazer, ainda são poucos aqueles que separam seu lixo. No Brasil, apenas 3% do lixo é reciclado segundo estimativa feita pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) em 2014. Reciclar não é nada complicado. Basta ter dois cestos de lixo e separar o que é orgânico (restos de alimentos) do que é reciclável (plástico, vidro, papel, etc). O ideal é dar uma lavada nos recipientes que você vai reciclar, para retirar os resíduos de alimento.
Tá, então é só separar o lixo e o problema acaba? Seria ótimo, mas acontece que os programas de coleta seletiva não chegam a todas as regiões do país. Em um estudo realizado pelo Cempre, Compromisso Empresarial para a Reciclagem, observa-se que 85% dos brasileiros podem até fazer a separação, mas não vai passar um caminhão especial em suas casas para levar o material separado para o destino correto. Ou seja, das mais de cinco mil cidades do país, apenas 1055 tem programas de reciclagem.
Funções de cada setor em relação ao lixo plástico nos oceanos
Fonte: Douglas Vieira da Silva
A resolução do problema precisa partir da iniciativa das pessoas, do governo e também das indústrias do plástico, como indica o infográfico acima. "O Setor plástico pode criar incentivos para empresas que possuem boas práticas ambientais, como o Pellet Zero. Além disso, pode trabalhar junto com outros setores econômicos para fomentar ações ou dar incentivos ao poder público e ao terceiro setor para realização de trabalhos preventivos, seja na linha da educação ou gestão de resíduos", diz Turra.
Então, para evitar que o plástico e outros tipos de lixo parem no oceano, é preciso que vários setores da sociedade se juntem como mostra o quadro acima. E você? Já começou a fazer sua parte?