Começa remoção de combustível nuclear de reator de Fukushima
Operadora da usina japonesa inicia delicada operação com equipamento projetado para remover centenas de barras de combustível de tanques de arrefecimento. Trabalhos devem durar dois anos.A operadora da usina nuclear japonesa de Fukushima começou, nesta segunda-feira (15/04), a remover combustível atômico de dentro de uma edificação que abrigava um dos reatores que derreteram no desastre de 2011 - um dos piores acidentes nucleares da história.
Esta é a primeira vez que a empresa Tokyo Electric Power (Tepco) executa a retirada de barras que contêm material físsil alojado num prédio altamente contaminado. A intervenção estava programada para quatro anos atrás, mas percalços, alta radiação e detritos radioativos de uma explosão que ocorreu durante o colapso causaram o atraso.
As unidades de combustível estão intactas. No entanto, como o local de armazenamento - uma espécie de tanque de arrefecimento - não é selado, as barras precisam ser removidas para evitar uma segunda catástrofe no caso de um novo grande terremoto.
Devido aos altos níveis de radiação, técnicos operam um guindaste remotamente, de uma sala de controle a cerca de 500 metros de distância, construído. O guindaste foi projetado para alçar as barras de combustível dos suportes de armazenamento dentro dos tanques de arrefecimento antes de colocá-las em barris de proteção. Todo o processo é feito debaixo d'água para evitar vazamento de radiação.
Conforme planejado pela Tepco, quatro unidades foram removidas nesta segunda-feira. As operações chegaram a ser brevemente suspensas no início da tarde, depois de um problema técnico com o equipamento.
"Finalmente começamos este trabalho. Vamos passar dois anos removendo 566 unidades de combustível do reator 3", disse Takahiro Kimoto, um porta-voz da Tepco, que acrescentou que serão removidas cerca de mil unidades de combustível em tanques de armazenamento nos outros dois reatores.
"Fatores como a remoção de detritos e vários problemas provocaram atrasos, os quais percebemos que causaram preocupações significativas para as pessoas na região, entre outros", disse Kimoto. "Com a segurança como prioridade, continuaremos este trabalho com cuidado."
A extração do combustível nuclear fundido no interior do reator - considerada a parte mais difícil da operação de limpeza - não deve ser iniciada até 2021.
A usina de Fukushima sofreu um colapso em 11 de março de 2011. Um forte terremoto registrado no mar próximo ao litoral nordeste do Japão gerou um tsunami, que destruiu cidades inteiras. A água deixou a instalação nuclear sem sistema de refrigeração, o que acabou provocando a fusão parcial dos três reatores que estavam em funcionamento no momento do acidente.
O tsunami deixou, segundo as autoridades japonesas, 18.434 mortos e desaparecidos. Outras 3.600 pessoas, principalmente de Fukushima, morreram posteriormente de causas ligadas à tragédia, como doenças e suicídio.
PV/afp/rtr/ap
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