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Comissão identifica 4,8 mil vítimas de abuso sexual na Igreja Católica em Portugal

Ao apresentar o relatório, presidente da Comissão disse que objetivo era 'dar voz ao silêncio' das vítimas.

13 fev 2023 - 12h02
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O presidente da comissão Pedro Strecht apresentou um relatório que contou com o depoimento de centenas de vítimas
O presidente da comissão Pedro Strecht apresentou um relatório que contou com o depoimento de centenas de vítimas
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Uma comissão independente que investiga o abuso sexual de menores na Igreja Católica disse que documentou pelo menos 4.815 vítimas até o momento.

Criada pela Conferência Episcopal Portuguesa para examinar os abusos nas últimas décadas, a comissão acrescentou que esta é apenas a ponta do iceberg.

Ao apresentar o relatório, psiquiatra infantil Pedro Strecht, presidente da comissão, disse que o objetivo era "dar voz ao silêncio" das vítimas.

Ele prestou homenagem a todas as pessoas que contataram os funcionários para prestar depoimento.

"Elas têm uma voz; elas têm um nome", disse Strecht.

Ao todo, a comissão documentou 564 relatos de pessoas que disseram ter sido vítimas de abuso por parte de padres ou outros representantes da Igreja Católica. Foram analisados casos desde 1950.

Diversos testemunhos também apontavam para o abuso de outros menores — daí a estimativa de milhares de outras vítimas.

Ao longo da apresentação, Strecht citou alguns dos depoentes e enfatizou o impacto que o abuso teve sobre elas.

Ele citou o "buraco negro" no qual uma das vítimas disse ter vivido.

Pedro Strecht, o presidente da comissão
Pedro Strecht, o presidente da comissão
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, José Ornelas, bispo de Leiria-Fátima, disse ter recebido o relatório "com gratidão" e que uma sessão extraordinária marcada para 3 de março irá ponderar a melhor forma de fazer "justiça" às vítimas.

De acordo com a comissão, um total de 25 casos foram encaminhados ao Ministério Público português. Muitos outros tinham limitações e não podem mais gerar investigações.

Entre as recomendações do relatório está a de que, nos casos de alegado abuso sexual de menores, a previsão para que as vítimas possam apresentar queixa-crime até aos 25 anos de vida seja ampliada para os 30 anos.

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