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Climatempo

Como a enorme rocha caiu em Vila Velha?

A chuva não foi culpada, mas pode piorar tudo

6 jan 2016 - 22h32
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Depois da seca, da lama, a enorme pedra caiu no Espírito Santo.

O estado do Espírito Santo vive uma dramática combinação de desastres naturais. Nenhum deles foi consequência de fenômenos meteorológicos, mas depois que aconteceram, condições do tempo adversas podem agravar alguns problemas que passaram a fazer parte do cotidiano dos capixabas.

A seca

A severa seca que começou em 2014 afetou todo o país e deixou o Espírito Santo com reservas de água baixíssimas. Ao longo de 2015, a falta de chuva fez com que vários trechos do rio Doce virassem ilhas de areia. O Doce é talvez a mais importante fonte de captação de água para abastecimento industrial, para a população e também para a agricultura.

Imagem do rio Pancas, em Pancas, no Espírito Santo, no início de outubro de 2015

Foto: Climatempo

A lama

Com pouca água, mostrando as pedras do fundo, o rio Doce virou um rio de lama no início de novembro de 2015, depois de receber cerca de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro. Além do impacto direto ambiental e na vida da população capixaba, a água barrenta do Doce seguiu para o mar afetando também o litoral do Espírito Santo, com prejuízos para a biodiversidade marinha e negócios relacionados com o mar, como pesca e turismo.

Imagem do rio Doce em Resplendor, já tomado pela lama.

Foto: Climatempo

A pedra

Como se não bastasse lama, seca e o calor de quarenta graus no fim de 2015, no primeiro dia de 2016 ocorreu o rolamento de enormes rochas por uma encosta do morro da Boa Vista em Vila Velha, cidade da Grande Vitória, capital do Espírito Santo. As imagens das rochas que se desprenderam são impressionantes, mas felizmente não há desaparecidos e nem mortos. Até o dia 5 de janeiro de 2016, mil e trezentas pessoas tiveram que deixar suas casas, mas algumas ainda se recusavam a sair da área de risco.

O laudo técnico divulgado pela Defesa Civil do Espírito Santo apontou que o rolamento das pedras ocorreu por causas naturais, por desgaste natural.

Foto: Climatempo

A chuva, a seca, a lama e a pedra

O El Niño que se surgiu forte em 2015 trouxe muita chuva para o Sul do Brasil e até para São Paulo. Enquanto o fenômeno estiver dando as ordens aos ventos, o que vai continuar ocorrendo durante todo o verão de 2016 e em parte do outono, poucas frentes frias chegam ao Espírito Santo. Na prática, isto se traduz como chuva escassa, muito irregular. Embora ocorram alguns temporais eventuais, no fim das contas mensais o volume de chuva tende sempre a ficar abaixo da média. Menos chuva, menos nuvens e mais calor.

É muito difícil saber quanto precisaria chover, e por quanto tempo, para limpar a água barrenta do rio Doce, para diluir a lama. Vários verões com muita chuva, verões com a chuva volumosa da ZCAS – Zona de Convergência do Atlântico Sul.

As pedras pareciam firmes na encosta, mas rolaram morro abaixo. Agora temos várias rochas grandes, médias, pequenas, instáveis, que ainda devem se movimentar para acharem sua melhor acomodação. Mas nesta situação de instabilidade, uma chuva forte pode causar outros movimentos desastrosos.

Gravidade: tudo desce um dia

O geólogo Ivo Karmann, professor do Departamento de Geologia Sedimentar e Ambiental do Instituto de Geociências da USP/SP foi entrevistado no Climatemponews pela meteorologista Josélia Pegorim. Ele explica como ocorre esse movimento natural das rochas e do solo, o efeito da chuva que “lava” as rochas e o risco de novos rolamentos.

O intemperismo, a ação natural do tempo, da chuva, dos ventos desgasta as rochas. Em um certo momento podemos ter rochas empilhadas como cartas de um baralho: mexendo uma, o resto cai. Gravidade é uma lei natural implacável. Rochas e sedimentos que recobrem as encostas “ sofrem transporte ou podemos até dizer movimento, controlado pela gravidade. Tudo desce um dia!”

O ditado popular “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” bem poderia ter sido inventado por um geólogo.

Confira a entrevista!

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