Para manter-se em liberdade, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) exigiu que Nardoni conseguisse um emprego em até 90 dias. Para cumprir essa condição, ele abriu uma microempresa individual (MEI) e firmou um contrato de prestação de serviços com a construtora de seu pai.
De acordo com o documento, ao qual o Jornal Metrópoles teve acesso, Nardoni vai receber uma remuneração de R$ 2,5 mil e trabalhar em formato híbrido (presencial e remoto), com direito a expediente mais curto às sextas-feiras - modalidade conhecida como "short friday". O contrato descreve que ele vai atuar como "promotor de vendas de apartamentos novos e usados". Entre as funções, também prevê "supervisão e acompanhamento de obras novas ou já finalizadas" para "eventuais correções e reparos".
A vigência do acordo entre a microempresa de Nardoni e a construtora do pai, ambas com sede em Santana, na zona norte da capital paulista, teve início na sexta-feira (7). "Esse instrumento poderá ser rescindido por qualquer das partes a qualquer momento, através de carta protocolada, e-mail ou qualquer forma de comunicação, desde que com antecedência mínima de 30 dias", diz o documento.
Segundo o contrato, a prestação de serviço vai acontecer de segunda a quinta-feira, das 8h às 18h. Já às sextas, o expediente acaba uma hora mais cedo, às 17h. A mulher de Nardoni, Anna Carolina Jatobá, também condenada pelo assassinato de Isabella, foi testemunha do documento firmado entre ele e a empresa do pai.
Condenação de Nardoni
Alexandre Nardoni, condenado por matar sua filha Isabella, de apenas 5 anos, que foi agredida e jogada de uma janela do sexto andar de um prédio na zona norte de São Paulo, em 2008, nega até hoje ter cometido o crime e prepara ação para tentar anular sua condenação.
Levado a júri popular, Nardoni foi considerado culpado dois anos após o crime. Preso desde então, ele conseguiu reduzir 990 dias de sua sentença por trabalhar e participar de programas educacionais na cadeia, atuando na faxina e na jardinagem da prisão.
Na tarde do dia 6 de maio, Nardoni foi solto após a Justiça conceder progressão para o regime aberto. O exame criminológico foi favorável à soltura do condenado. Na decisão, o magistrado registrou que Nardoni "mantém boa conduta carcerária, possui situação processual definida, cumpriu mais de metade do total de sua reprimenda, encontra-se usufruindo das saídas temporárias, retornando normalmente ao presídio".
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini