Como estava o tempo na hora do acidente com avião em São Paulo?
Será que as condições meteorológicas estavam ruins para o vôo?
Um avião de pequeno porte caiu na tarde da sexta-feira, 30 de novembro, na zona norte da cidade São Paulo, próximo aeroporto Campo de Marte. O monomotor caiu na rua Antonio Nascimento Moura, uma área residencial próxima do aeródromo, atingindo várias casas e veículos na região.
Até por volta da 18 horas, as informações preliminares dos noticiários eram de que ao menos 2 pessoas haviam morrido e 12 estavam feridas.
Quais as condições do tempo na hora do acidente?
As condições do tempo sempre são analisadas quando ocorre algum tipo de acidente com aeronaves e muitas vezes são uma das causas principais. Mas desta vez, o tempo provavelmente não poderá ser apontado como causa do acidente.
No começo da tarde, até por volta das 15 horas, radares meteorológicos detectavam pequenas áreas de chuva sobre a cidade de São Paulo, mas de fraca intensidade e que logo se dissiparam. A chuva forte foi observada no fim da tarde, depois das 17 horas.
No Campo de Marte, na zona norte da cidade São Paulo, a temperatura na tarde do dia 30/11/18 chegou aos 32°C, às 15 horas.
Entre 12h e 16h, hora aproximada do acidente, o sol predominou na região e não houve registro de nuvens carregadas que pudessem causar chuva e nem ventania. No METAR, que a informação divulgada de hora em hora, pelo menos, das condições meteorológicas de um aeródromo, a expressão CAVOK é a abreviatura de "ceiling and visibility OK" (teto e visibilidade ok), que tecnicamente significa que a visibilidade horizontal no local era igual ou maior a 10 mil metros e que não havia nenhuma nebulosidade com base abaixo de 1500 metros (5000 pés). Também não havia nuvem do tipo cumulonimbus (que são muitas vezes associadas a tempestades e aos acidentes aéreos, pois podem provocar raios, granizo, fortes rajadas de vento e chuva intensa) e nenhum outro fenômeno meteorológico relevante, como chuva, trovoada, nevoeiro, etc.
A condição CAVOK é associada com uma situação meteorológica que não apresenta riscos para as aeronaves. Na hora do acidente, entre 15h (1700Z) e 16h (1800Z), o Campo de Marte estava CAVOK. O vento foi de 15 km/h às 15h e de 24 km/h às 16h, que velocidades fracas a moderadas.
Nuvens carregadas começaram a ser observadas no Campo de Marte a partir das 17h, quando o observador meteorológico visualizou chuva à distância, VCSH, vicinity shower - pancada de chuva à distância, mas não sobre o aeródromo.
Às 17h10 foi preciso fazer uma observação extra (SPECI) porque começou a chover forte no local (+RA - RA de rain, chuva em inglês). Por causa da chuva forte, a visibilidade horizontal no Campo de Marte saiu de 9999 (visibilidade total) às 17h, para 2500 metros às 17h10.
A chuva prosseguiu até 17h30 e às 18 horas (2000Z), a chuva já havia parado, não havia mais nuvens que pudessem causar problemas para as aeronaves (CAVOK), o vento estava fraco (6 km/h).
METAR SBMT 301400Z 29007KT (29013KMH) 220V030 CAVOK 29/16 Q1012
METAR SBMT 301500Z 29006KT (29011KMH) 220V360 9999 BKN049 30/16 Q1011
METAR SBMT 301600Z 27010KT (27019KMH) 9999 SCT049 31/16 Q1010
METAR SBMT 301700Z 26008KT (26015KMH) CAVOK 32/16 Q1008
METAR SBMT 301800Z 29010KT (29019KMH) CAVOK 30/15 Q1007
METAR SBMT 301900Z 35013KT (35024KMH) 9999 VCSH BKN049 BKN060 29/16 Q1007
SPECI SBMT 301910Z 28013KT (28024KMH) 2500 +RA HZ BKN021 BKN049 FEW060TCU BKN080 24/18 Q1008
SPECI SBMT 301930Z 23009KT (23017KMH) 6000 BKN021 BKN049 SCT060TCU 22/19 Q1007 RERA
METAR SBMT 302000Z 23003KT (23006KMH) CAVOK 22/18 Q1007 RERA
Foto de Jo Pegorim, São Paulo (SP)