"Confundiram Pó Pelotense com droga" afirma prefeito de Cachoeira do Sul após ser afastado do cargo por suspeita de corrupção
José Otávio Germano (PP) enfrenta acusações de fraudes em processos licitatórios e corrupção
Na manhã da última quinta-feira (28), o prefeito de Cachoeira do Sul, José Otávio Germano (PP), foi afastado de seu cargo após a realização da Operação Fandango pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS). A operação investiga fraudes em processos licitatórios do município.
Em nota divulgada nesta sexta-feira (29), Germano afirmou que cerca de 10 policiais e uma promotora entraram em sua residência procurando por computadores, cofres e drogas. Ele negou as acusações, mencionando que o que foi confundido como droga era na verdade um pó utilizado em suas feridas por recomendação médica.
Além da casa do prefeito, mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas sedes das Secretarias Municipais de Administração e Fazenda, Interior e Transportes, Meio Ambiente e Obras, bem como em residências de outros agentes públicos, agentes privados e empresários investigados e suas respectivas empresas. Documentos e equipamentos eletrônicos foram apreendidos durante a operação.
As acusações incluem delitos licitatórios, corrupção ativa e passiva, concussão, bem como crimes de responsabilidade. Germano negou qualquer envolvimento em atividades ilícitas durante seu mandato como prefeito.
Uma ordem da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul proibiu todos os envolvidos de frequentar as dependências do Poder Executivo local e de manter qualquer contato com os demais investigados e suspeitos. Além disso, empresários envolvidos na investigação foram proibidos de exercer qualquer atividade econômica ou financeira com o Poder Público, e os contratos em andamento com o município de Cachoeira do Sul foram suspensos.
Leia na íntegra a nota publicada por José Otávio Germano:
Fui acordado violentamente na minha casa, com a quebra da porta, hoje 28/09 às 6h com revólver em punho. Cerca de dez policiais e uma promotora.
Estava dormindo sozinho em casa. Procuravam computadores (não tenho em casa).
procuravam cofre (não tenho em casa e nem em lugar algum). Procuravam armas (não tenho nenhuma).
Me perguntavam onde estava o dinheiro. Não tinha nada em casa.
Procuraram droga. E confundiram pó pelotense com droga, pois utilizo em minhas feridas e assaduras por recomendação médica. Pedi para fazerem o teste ou algo do tipo e não quiseram fazer. Já saíram me acusando. Ao lado de onde eles encontraram a suposta droga que eles falam, estavam os potes dos pós pelotenses, o que comprova que nunca teve droga alguma
Escrevo esta nota sem saber nada que consta no processo.
Não preciso ler para me manifestar. Não existe nenhum ato meu, enquanto prefeito, que incorra em qualquer ilegalidade (corrupção, roubo, favorecimento, rachadinha e etc). Se uma só pessoa disser que exige vantagens enquanto prefeito, eu renuncio meu mandato imediatamente.
Não tenho caderneta de poupança, não tenho aplicações, não tenho bens. Basta um exame superficial em minha conta bancária. Tenho 30 anos de mandato público, sempre pelo voto direto das pessoas. Fui vereador, deputado estadual (2 vezes), presidente da Assembleia, ministro dos esportes e deputado federal em 4 mandatos.
Estou triste. Violentado. Me sentindo perseguido.
A minha avaliação, nos dois primeiros anos de gestão, em pesquisas de institutos confiáveis, do próprio Jornal do Povo, obtive 8,9 de nota que comprova que nosso governo está no caminho certo.
Nunca recebi empresários em minha residência. Operei enquanto prefeito, duas vezes o fêmur, duas vezes o quadril e coloquei uma prótese total de joelho e hoje me recupero de uma grave pneumonia em casa. Nestes períodos acompanhei tudo através de ligações e reuniões com o secretariado.
Tudo isto sem nenhuma acusação. Mostra uma operação política, midiática que visa atingir a mim e ao meu grupo, de maneira sórdida e traiçoeira. Os cachoeirenses me conhecem há 60 anos. Minha história de vida é pública. Minha consciência está tranquila.
Nunca fiz nada ilegal enquanto prefeito de Cachoeira do Sul.
A dor no coração, não sei se passa. Mas sei que a verdade dos fatos virá à tona rapidamente.
JOSÉ OTÁVIO GERMANO.