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Coronavírus

1º caso de covid foi de vendedora de mercado de animais

Estudo fornece "fortes evidências" de que vírus teve origem animal, diz pesquisador

19 nov 2021 - 07h45
(atualizado às 07h57)
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Especialista que integrou equipe de investigação da OMS disse que ficou convencido com análise de Michael Worobey
Especialista que integrou equipe de investigação da OMS disse que ficou convencido com análise de Michael Worobey
Foto: DW / Deutsche Welle

O primeiro caso de covid-19 identificado na cidade de Wuhan, na China, ocorreu dias depois do que se acreditava, e o verdadeiro paciente zero tem, na verdade, ligação com um mercado de animais, afirmou um pesquisador de alto nível em artigo publicado na revista científica Science.

Em vez de um homem que nunca havia estado no mercado de animais vivos de Wuhan - onde se vendiam animais selvagens e domésticos -, o primeiro caso da doença é o de uma vendedora que trabalhava nesse mercado, segundo o virologista Michael Worobey, do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.

O pesquisador criou uma linha do tempo dos primeiros casos conhecidos de covid-19 na cidade chinesa, compilando-os a partir de várias fontes, como notícias de jornais e informações disponíveis de hospitais. Para ele, esses dados são indício de que o coronavírus Sars-Cov-2 teria mesmo se originado de um animal.

Desde o início da pandemia, especialistas debatem a origem do vírus, na ausência de evidências definitivas. O próprio Worobey fez parte de um grupo de 15 especialistas que publicou um artigo na Science em meados de maio pedindo uma consideração séria da hipótese de um vazamento do laboratório em Wuhan.

Agora, em artigo publicado nesta quinta-feira (18/11), ele afirma que sua pesquisa "fornece fortes evidências em favor da origem da pandemia em um mercado de animais vivos".

Rebatendo as críticas à tese

Uma crítica à teoria da origem animal dizia que, como as autoridades de saúde alertaram sobre casos de uma doença suspeita ligada ao mercado de animais já em 30 de dezembro de 2019, isso teria introduzido um viés que levou à identificação de mais casos no mercado do que em outros lugares, uma vez que a atenção já estava voltada para ele.

Para rebater esse argumento, Worobey analisou casos suspeitos de covid-19 relatados por dois hospitais antes de o alerta sobre o mercado ser acionado.

E esses casos também estavam em grande parte ligados diretamente ao mercado, e os que não estavam pelo menos se concentravam geograficamente em torno dele.

"Nesta cidade de 11 milhões de habitantes, metade dos primeiros casos está ligada a um lugar do tamanho de um campo de futebol", afirmou o cientista ao jornal americano New York Times. "Fica muito difícil explicar esse padrão se o surto não tiver tido início no mercado."

Outra crítica à teoria se baseava no fato de o primeiro caso identificado em Wuhan - considerado o paciente zero pela Organização Mundial da Saúde (OMS) - não ter relação com o mercado.

Contudo, embora o relatório da OMS afirmasse que esse paciente estava doente desde 8 de dezembro de 2019, na verdade ele só adoeceu em 16 de dezembro, disse Worobey.

Essa dedução foi baseada em uma entrevista em vídeo que o cientista encontrou, a partir de um caso descrito em um artigo científico e a partir de um prontuário de hospital que correspondia ao homem de 41 anos, originalmente identificado como paciente zero.

Isso significa que o primeiro caso de covid-19 conhecido seria, na verdade, da mulher que trabalhava no mercado, que adoeceu em 11 de dezembro.

Peter Daszak, um especialista que fez parte da equipe de investigação da OMS, disse que ficou convencido com a análise de Worobey. "Aquela data de 8 de dezembro foi um erro", disse ele ao New York Times.

Análise da OMS

O Sars-Cov-2 apareceu pela primeira vez na cidade de Wuhan no final de 2019. Uma equipe de especialistas da OMS teve permissão para viajar à China mais de 12 meses depois, mas voltou sem resultados claros sobre a origem do vírus.

Em março, um relatório da organização apontou como origem mais provável a transmissão do coronavírus de um animal para humanos. Os especialistas, no entanto, não conseguiram identificar qual teria sido o hospedeiro intermediário do vírus.

O documento recomendou ainda a continuação dos estudos sem descartar nenhuma hipótese, incluindo a de um acidente de laboratório.

A China não quer permitir mais investigações no local, enquanto o governo dos Estados Unidos está entre os que acusam Pequim de reter informações dos especialistas.

Por sua vez, o governo chinês acusa Washington e outros países de explorarem a pandemia e de pesquisarem sua origem somente para lançar ataques políticos.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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