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Coronavírus

40% dos brasileiros tiveram perda total ou parcial da renda

Com o efeito da crise no bolso, levantamento aponta que 77% dos brasileiros que estão no mercado de trabalho têm medo de perder o emprego

7 mai 2020 - 05h12
(atualizado às 07h39)
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A perda total ou em parte da renda mensal já atingiu 40% dos brasileiros. Esse é um dos impactos da pandemia do novo coronavírus, segundo pesquisa "Os brasileiros e o consumo no pós-isolamento" da Confederação Nacional da Indústria (CNI), encomendada ao Instituto FSB Pesquisa. Deste total, 23% afirmam já terem ficado totalmente sem salário e 17% apontam terem tido alguma redução na renda. Apenas 36% das pessoas dizem que continuarão recebendo normalmente seu salário.

Voluntária despeja álcool gel na mão de homem durante ação de entrega de comida para pessoas em situação de rua no Rio de Janeiro
11/04/2020
REUTERS/Lucas Landau
Voluntária despeja álcool gel na mão de homem durante ação de entrega de comida para pessoas em situação de rua no Rio de Janeiro 11/04/2020 REUTERS/Lucas Landau
Foto: Reuters

Uma das medidas para manter os postos de trabalho durante a pandemia adotadas pelo governo federal foi a criação do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, que permite a redução proporcional de jornada e salário após acordo entre empregador e trabalhador, pelo período de três meses. A previsão é de que 24,5 milhões de trabalhadores sejam atingidos por esses acordos.

Com o efeito da crise no bolso, o levantamento aponta que 77% dos brasileiros que estão no mercado de trabalho têm medo de perder o emprego, segundo a pesquisa. Para 88% dos entrevistados, a percepção é de que é grande o impacto da pandemia da covid-19 na economia brasileira. Apenas 3% falam em pouco ou nenhum impacto.

Esse medo de perder o emprego com a queda na renda levam os consumidores a terem a intenção de manter reduzido o nível de consumo no cenário pós-covid-19. Na avaliação da CNI, isso pode dificultar a retomada da economia.

"Há muito a ser feito nos próximos meses, mas devemos manter a confiança na ciência e na resistência da nossa economia. Certamente, com persistência e atuação conjunta, conseguiremos vencer o novo coronavírus, esse poderoso inimigo, superar a crise decorrente da pandemia e retomar a rota do desenvolvimento econômico e social do Brasil", afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

Questionados sobre como pretendem se comportar no futuro, a maioria dos entrevistados planeja manter pós-pandemia o nível de consumo adotado durante o isolamento. Isso pode indicar, na avaliação da CNI, que as pessoas não estão dispostas a retomar o mesmo patamar de compras que tinham antes.

A pesquisa investigou ainda em quanto tempo após o fim do isolamento social o consumidor brasileiro pretende comprar alguns bens de consumo duráveis. Dos 11 bens de consumo testados, dois despontam como os que terão maior procura no curto prazo. Entre os entrevistados, 34% pretendem comprar roupas e 31% calçados em até 3 meses após o fim do isolamento.

Todos os nove outros bens, incluindo eletrodomésticos, eletroeletrônicos e móveis, têm menos de 10% das pessoas afirmando que pretendem comprar no prazo de 90 dias pós-isolamento. Quando se leva em consideração o período de até um ano após o fim das medidas restritivas, além de roupas (70% das pessoas pretendem comprar nesse prazo) e calçados (66%), aparecem móveis (28%), celulares (27%), eletroeletrônicos (23%) e eletrodomésticos (20%).

Dívidas

O endividamento atinge mais da metade da população, 53%, segundo o levantamento. O porcentual é a soma dos 38% que já estavam endividados antes da pandemia e os 15% que contraíram dívida nos últimos 40 dias. Entre os que têm dívida, 40% afirmam estar com algum pagamento em atraso, sendo que 57% destes passou a atrasar suas parcelas nos últimos 40 dias.

Isolamento

Mesmo com as perdas econômicas, 86% da população brasileira ainda é favorável ao isolamento social e 93% dos entrevistados mudaram sua rotina durante o período de isolamento. Já no cenário pós-pandemia, apenas 30% dos brasileiros falam em voltar a uma rotina igual à anterior. A maior parte dos trabalhadores formais e informais, 43%, afirma sentir-se segura para o retorno ao trabalho após o fim do isolamento. Outros 39% se dizem mais ou menos seguros e 18% inseguros.

"É preciso estabelecer uma estratégia consistente para que, no momento oportuno, seja possível promover uma retomada segura e gradativa das atividades empresariais", afirma Robson Andrade.

A pesquisa do Instituto FSB foi feita entre os dias 2 e 4 de maio, por telefone, com 2.005 pessoas com idade a partir de 16 anos, nos 26 Estados e no Distrito Federal. A margem de erro no total de amostra é de 2 pontos porcentuais, com intervalo de confiança de 95%.

Estadão
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