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Coronavírus

'A crise não acabou: nem a sanitária nem a econômica'

José Jorge do Nascimento Júnior, presidente da Eletros, acredita que o crescimento do consumo não se sustente daqui para frente e defende a continuidade do pagamento do valor original do auxílio emergencial

14 set 2020 - 05h10
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A redução pela metade do auxílio emergencial a partir deste mês preocupa os fabricantes de eletroeletrônicos, segundo José Jorge do Nascimento Júnior, presidente da Eletros, associação que reúne a indústria do setor. Os eletroeletrônicos, ao lado de alimentos e materiais de construção, tiveram as vendas turbinadas por conta do pagamento do benefício. O executivo acredita que o crescimento do consumo não se sustente daqui para frente e defende a continuidade do pagamento do valor original do auxílio, bem como a manutenção de medidas que ajudaram a evitar demissões.

José Jorge do Nascimento Júnior, presidente da Eletros
José Jorge do Nascimento Júnior, presidente da Eletros
Foto: Divulgação / Estadão

O auxílio emergencial impulsionou as vendas de eletroeletrônicos?

Sim, ele deu a sua colaboração. Além disso, com o confinamento, diminuíram as viagens. Sentimos aumento de vendas de eletrônicos ligados ao divertimento e cresceram também as vendas de fornos elétricos, lavadoras, aspiradores de pó e equipamentos voltados para o cuidado pessoal, como barbeadores, por exemplo. As vendas de eletroportáteis foram os que mais aumentaram porque são produtos de menor valor. Eletrodomésticos da linha branca, de maior valor, foram os que menos ampliaram vendas.

A redução pela metade do valor do auxílio emergencial a partir deste mês deve afetar as vendas do setor?

Com a redução do auxílio, temo que o crescimento no consumo não se sustente. Acredito que as pessoas vão dar prioridade às compras de alimentos, especialmente neste momento em que o preço da comida está em alta. Além disso, as medidas para manutenção do emprego e para postergar o pagamento de impostos estão acabando. É preciso ter continuidade nas políticas de fomento ao emprego. A crise não acabou: nem a sanitária, nem a econômica.

Há pressões de custos na indústria?

Temos percebido aumentos de preços dos insumos. Também, como a variação cambial foi muito alta e muitas matérias-primas são cotadas em dólar - que está na faixa de R$ 5,5 - é inevitável repassar os aumentos.

Como está o ritmo de produção das fábricas? Faltam produtos no mercado?

Estamos a plena carga. No início da pandemia, com o fechamento das lojas físicas, a ociosidade chegou a 80% nas fábricas. Mas com a reabertura, hoje estamos com 10% de ociosidade. Saímos da estagnação para a retomada da produção. Não falta produto no mercado. Quando as lojas reabriram havia estoque na indústria e no varejo. Nosso medo agora é com uma segunda onda de contaminação.

Estadão
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