Ambipar ganha destaque e será primeira empresa de gestão ambiental na Bolsa
Companhia fará abertura de capital na B3 em meio a aumento da preocupação do mercado com os temas voltados a sustentabilidade
Em meio à pandemia da covid-19, assuntos relacionados à sustentabilidade ganharam destaque, mesmo que compulsoriamente. E é diante deste cenário que a Ambipar chega à Bolsa, empresa que até aqui tinha o nome pouco conhecido, mesmo tendo atuado, por exemplo, na gestão da tragédia de Brumadinho, com o rompimento de uma barragem da Vale. Agora, a companhia de gestão ambiental será a primeira empresa de capital aberto do setor na B3, podendo valer até R$ 2,7 bilhões no debute, previsto para a próxima segunda-feira, dia 13.
A Ambipar já estava na fila para abrir capital antes da pandemia, junto com outras duas dezenas de empresas, que tiveram os planos de captação postergados por conta da crise que abateu os mercados. Mais de três meses depois, e muito mais rápido do que o previsto inicialmente, a companhia chega com força para sua estreia e agora podendo contar uma nova história aos investidores.
Além da gestão ambiental e de respostas a emergências, a empresa ao longo desses últimos meses atuou no combate do novo coronavírus. A tese foi muito bem-recebida pelos investidores e a demanda supera, até aqui, em mais de seis vezes a oferta.
Segundo a empresa, a sua carteira de clientes é composta por mais de 10 mil clientes, em 15 países. "Atuamos em situações emergenciais relevantes, como, por exemplo, no maior desastre da mineração brasileira, no maior incêndio industrial ocorrido em território brasileiro e, mais recentemente, no suporte à contenção do coronavírus no Reino Unido em conjunto com o exército britânico e no Brasil em escritórios, aeronaves, escolas, ônibus, entre outros", segundo o prospecto do IPO. Na pandemia, a empresa passou a vender e alugar o "túnel de descontaminação", que funciona por meio de uma centrifugação à base de ozônio.
"A Ambipar vem ao mercado num momento em que as companhias estão sendo pressionadas a adotar melhores práticas ambientais (como uma das derivadas da pandemia da covid-19), aumentando a demanda por serviços de 'waste management'. Outro exemplo de oportunidade e timing favorável é o marco regulatório do saneamento, recém aprovado pelo congresso brasileiro, que deve acelerar os investimentos para melhorar as condições sanitárias da população", segundo relatório da casa de análise Eleven, assinada pelos analistas Diana Stuhlberger, Carlos Daltozo e Daniela Bretthauer.
Dívidas
Com o dinheiro que entrará no caixa da empresa com a oferta, a Ambipar, criada em 1995, pretende renegociar algumas dívidas e investir em expansão orgânica e inorgânica por meio de aquisições - no Brasil ou no exterior. O documento do IPO mostra que o crescimento da empresa vem sendo calcado em aquisições estratégicas. "Temos um histórico de aquisição de empresas: nos últimos 5 anos, adquirimos 14 participações societárias. Acreditamos que, atrelada ao crescimento orgânico, nossa estratégia de expansão internacional inclui a aquisição de outros players do mercado. Nossa experiência em processos de aquisição e integração de operações nos permite capturar sinergias operacionais e financeiras, garantindo qualidade, eficiência operacional e um crescimento sustentável", de acordo com a empresa.
A oferta é primária e secundária, com acionistas vendendo parte das ações detidas. O valor pode mudar, dependendo do preço que a ação for fixada no âmbito da oferta, mas cerca de R$ 800 milhões - de mais de R$ 1 bilhão que o IPO deve movimentar - ficará no caixa da companhia. A ação da Ambipar será precificada nesta quinta-feira, 9. São coordenadores da oferta Bradesco BBI, BTG Pactual e Bank of America e Merril Lynch.
Esse será o terceiro IPO que ocorre na bolsa brasileira em meio à pandemia, depois de Estapar e Aura Minerals. No segundo semestre a expectativa é de muito movimento no mercado de ações brasileiro. Há, hoje, mais 20 empresas na fila para abrir capital na B3.