Antes de assumir Saúde, Teich era defensor de Mandetta
Teich também defendeu ideias alinhadas com as de Bolsonaro, como a necessidade de projeções que considerem os aspectos econômicos da crise
O oncologista que será empossado como novo ministro da Saúde, em substituição a Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich já escreveu artigos em que defende o isolamento horizontal, aponta fragilidades do isolamento vertical - modelo defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e elogiou a atuação do agora antecessor.
Em três artigos publicados na plataforma LinkedIn nos dias 18 de março, 24 de março e um 3 de abril, Teich abordou especificamente a questão da pandemia do coronavírus. No primeiro, o médico faz uma defesa da telemedicina. É nesse artigo inicial em que consta o elogio à atuação do Mandetta frente à crise.
"Impossível falar sobre o problema da covid-19 no Brasil e não comentar a atuação brilhante do Ministro Luiz Henrique Mandetta. Excepcional condução, tranquilidade, equilíbrio, eficiência e enorme capacidade de comunicar de forma clara com a sociedade", escreveu.
No segundo artigo, ele defende a necessidade de se conseguir o máximo de informações possível sobre a doença, para "rever diariamente a realidade, os cenários, as projeções e as ações". Esse segundo texto traz as ideias mais alinhas as que Bolsonaro têm defendido publicamente, incluindo a necessidade de projeções sobre o coronavírus levarem em consideração "o impacto de uma crise econômica nos níveis de saúde e mortalidade da população".
Sobre a necessidade de se olhar a crise pelo aspecto econômico ou da saúde, ele afirmou: "Não me coloco aqui como alguém que defende um lado ou outro, na verdade é o oposto, não pode existir lado".
Em seu texto mais recente sobre o tema, ele se coloca explicitamente em favor da adoção do isolamento horizontal, "onde toda a população que não executa atividades essenciais precisa seguir medidas de distanciamento social, é a melhor estratégia no momento". O médico ainda aponta fragilidades do isolamento vertical, defendido pelo presidente, em que apenas pessoas de grupos de risco ficam em casa.
"Sendo real a informação que a maioria das transmissões acontecem à partir de pessoas sem sintomas, se deixarmos as pessoas com maior risco de morte pela covid-19 em casa e liberarmos aqueles com menor risco para o trabalho, com o passar do tempo teríamos pessoas assintomáticas transmitindo a doença para as famílias, para as pessoas de alto risco que foram isoladas e ficaram em casa", explicou.
"O ideal seria um isolamento estratégico ou inteligente. Vamos falar sobre isso mais à frente", prometeu.