Anvisa recomenda que se avalie 3ª dose para a CoronaVac
Debate cresceu no País com relatos de aumento de internações e maior circulação da variante Delta
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou nesta quarta-feira, 18, que o Ministério da Saúde avalie a possibilidade de dar uma dose de reforço para grupos específicos que receberam as duas doses da vacina CoronaVcac. A terceira dose está em debate no Brasil, diante da alta de infecções em algumas localidades, como o Rio, e do avanço da variante Delta, mais transmissível .
O tema foi tratado durante uma reunião da Anvisa para avaliar o risco-benefício do uso da CoronaVac e a possibilidade de que a vacina produzida pelo Instituto Butantan seja usada também em crianças e adolescentes. A agência rejeitou o uso da Coronavac no público entre 3 e 17 anos, manteve a avaliação de que os benefícios da Coronavac superam os riscos para adultos e determinou que o Butantan apresente dados que ainda faltam sobre estudos relativos à Coronavac nos maiores de 18 anos.
Em relação à terceira dose, os diretores da Anvisa votaram por recomendar ao Plano Nacional de Imunziações (PNI), do Ministério da Saúde, que considere a possibilidade de dar a dose de reforço para grupos que receberam as duas doses da CoronaVac, "destacamente para alvos prioritários como imunocomprometidos e idosos, em especial os acima de 80 anos", afirmou a diretora da Anvisa, Meiruze Freitas.
Os diretores da Anvisa ponderaram que essa é uma decisão difícil, considerando que boa parte da população ainda não está completamente vacinada e que há posicionamentos divergentes de autoridades sanitárias pelo mundo sobre os benefícios da terceira dose. O Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, recomenda que os países concentrem esforços para cobrir a maior parte da população mundial, antes de iniciar a revacinação.
"No contexto em que a (variante) Delta está circulando, uma dose adicional da vacina pode ajudar a prevenir casos graves e possivelmenete fatais em idosos e pessoas com sistema imunológico comprometido", disse Meiruze. A diretora lembrou que a CoronaVac tem bom desempenho no Brasil, mas inicialmente a vacina não foi estudada em idosos e imunocomprometidos.
Ainda faltam estudos robustos que evidenciem a necessidade dessa dose de reforço, mas pesquisas indicam que há queda na produção de anticorpos, principalmente entre os idosos - o que justificaria a estratégia. Meiruze lembrou que, à medida em que a variante Delta avança em muitos países, as autoridades "não podem se dar ao luxo de esperar respostas definitivas".
Países como Israel e Chile já começaram a aplicar a terceira dose contra a covid-19. Israel vacinou sua população com a vacina da Pfizer e aplica o reforço com o mesmo imunizante. No caso do Chile, a terceira dose com a vacina da AstraZeneca está sendo dada inicialmente a idosos acima de 86 anos que tomaram a CoronaVac.
No Brasil, Estados mais adiantados na vacinação dos adultos solicitaram ao Ministério da Saúde aval para essa dose de reforço - é o caso, por exemplo, do Mato Grosso do Sul. A pasta afirma que estuda uma eventual aplicação da terceira dose e que uma pesquisa já em andamento vai medir os benefícios dessa estratégia.
Nesta quarta, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que a aplicação de uma 3.ª dose começa pelos idosos e profissionais de saúde, caso essa estratégia seja aprovada pelo governo federal.