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Coronavírus

Apoio do BNDES a aéreas sai em abril e banco pode comprar ações de empresas afetadas por pandemia, diz Montezano

29 mar 2020 - 18h08
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O BNDES vai apoiar empresas em dificuldades por causa da crise gerada pela pandemia de coronavírus por meio de um sistema que envolve debêntures conversíveis e pode aportar capital nessas companhias através de compra de participações usando modelo que está sendo preparado para o setor aéreo e deve ficar pronto em abril, disse o presidente do banco, Gustavo Montezano, em entrevista coletiva por videoconferência neste domingo.

Presidente do BNDES, Gustavo Montezano, no Palácio do Planalto
16/07/2019 REUTERS/Adriano Machado
Presidente do BNDES, Gustavo Montezano, no Palácio do Planalto 16/07/2019 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Montezano acrescentou que a BNDES Participações (BNDESPar) vai atuar de forma contra-cíclica e vai "estar aportando capital em empresas de setores específicos" que estão sendo alinhados com ministérios do governo federal.

Ao ser questionado pela Reuters se o modelo utilizado para as companhias aéreas poderá ser replicado para o apoio a outros setores da economia afetados pela pandemia, Montezano confirmou essa possibilidade.

"Esse modelo que a gente está usando para as companhias aéreas de debênture ou quase equity, a idéia é que a gente adote sim para outros setores", disse ele. "Estamos montando modelos e parâmetros para empresas grandes e médias e a ideia é distribuir não só empréstimo, mas também capital para as empresas passarem pela crise. Não é só giro. Dado a perda de demanda e a perda de valor, é importante que essas empresas sejam capitalizadas também. A resposta é sim."

Montezano disse que as conversas com as empresas do setor aéreo têm sido intensas e aceleradas. Na semana passada, por conta dos efeitos da pandemia sobre a economia e o deslocamento de pessoas, as principais companhias aéreas brasileiras anunciaram um profundo enxugamento de rotas.

"Nosso objetivo é fazer a disponibilização e liquidação da linha idealmente no mês de abril. A gente trabalha para que até o fim de abril as linhas já estejam liquidadas e no caixa das empresas", disse ele em entrevista coletiva por videoconferência neste domingo.

Entre as premissas já definidas para as empresas aéreas estão, por exemplo, a liberação de recursos para operações exclusivamente nacionais das companhias e os recursos não poderão ser usados para pagamento de dívidas e credores financeiros.

"O dinheiro é para o fluxo e operações das empresas, mas o credor financeiro e o BNDES terão que fazer um tipo de esforço e de alongamento", disse Montezano.

O apoio ao setor aéreo, frisou Montezano, será através de debêntures conversíveis em ações com objetivo de permitir uma taxa de juros baixa que não cause pressão adicional no fluxo das companhias aéreas. Ele garantiu que não haverá subsídio do governo ou do BNDES nessa operação.

"A idéia é que o BNDES tenha uma remuneração para suas contas. Não faremos uma operação subsidiada, não é um bailout (resgate). É um fluxo financeiro para facilitar a passagem pela crise por parte das companhias aéreas", garantiu.

FOLHA DE PAGAMENTO

Na videoconferência, Montezano disse esperar que estejam disponíveis até maio os recursos do programa de 40 bilhões de reais anunciado recentemente pelo governo para contribuir para o pagamento por dois meses da folha se salários de empresas cujo faturamento anual está entre 360 mil reais e 10 milhões de reais.

"A gente trabalha para que o financiamento para folha de pagamento seja pago na primeira semana de maio, referente à folha de abril, e trabalhamos para antecipar isso", disse ele, que disse não temer que os bancos privados, que terão participação de 15% no programa, atrasem a disponibilização dos recursos, apesar de haver uma natural aversão de risco dessas instituições em tempos de crise e instabilidade.

O presidente do BNDES lembrou que o financiamento para folha de pagamento foi construído em conjunto com os bancos privados e que haverá uma supervisão do Banco Central.

"Isso vai ser supervisionado pelo Banco Central... há naturalmente uma aversão a risco e cabe ao BC, BNDES e Tesouro propor medidas para garantir esse fluxo", finalizou.

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