Após protestos, Bolsonaro não fala sobre atos e posta piada
Presidente não comentou diretamente atos contrários à sua gestão da pandemia e divulgou dados sobre vacinação
No dia em que brasileiros de diversas cidades foram às ruas protestar contra o governo federal, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) evitou comentar diretamente os atos em suas redes sociais e preferiu publicar dados sobre a vacinação contra a covid-19, exportação de mármore e projetos ferroviários. Sem citar os atos, postou uma foto nas redes sociais na qual aparece ao lado das palavras "imorrível, imbroxável, incomível" (sic).
A postagem faz referência a uma fala de Bolsonaro em situações anteriores. Em 17 de maio, um apoiador cearense que estava em frente ao Palácio do Planalto lhe perguntou sobre o seu estado de saúde. Ele então respondeu que era "imorrível, imbrochável, incomível" (sic). Anteriormente, em janeiro, ele já havia falado a apoiadores em Brasília que apesar de problemas para governar, era "imbrochável" e que "só papai do céu me tira daqui", referindo-se à presidência.
Os manifestantes que foram às ruas neste sábado, 29, criticam a gestão da pandemia pelo governo federal, além de pedir pela volta do auxílio emergencial de R$ 600, pela aceleração na vacinação em massa e pelo impeachment de Bolsonaro. Em São Paulo, os manifestantes se concentraram na avenida Paulista e desceram pela avenida da Consolação até o centro da cidade. No Rio, os protestos tomaram as principais vias do centro da cidade.
Em Recife, a manifestação terminou com tumulto e disparos de balas de borracha. A ação da PM ocorreu no final do ato político, que ocorreu de maneira pacífica. O governador Paulo Câmara (PSB) disse que determinou a abertura de uma investigação sobre o ocorrido.
Os protestos marcam uma mudança na postura de movimentos sociais de oposição que recomendavam que as pessoas ficassem em casa por conta da disseminação do coronavírus. Os organizadores afirmam que consideram ser possível seguir as recomendações de uso de máscara e distanciamento social durante os atos. Dizem também ser necessário se contrapor ao recrudescimento da pandemia e a atos de apoio ao presidente, como uma "motocada" promovida pelo presidente no Rio de Janeiro no domingo, 23.