Barra Torres: "Não houve precipitação em comprar Covaxin"
Presidente da Anvisa acredita que nos próximos dias haverá nove pedido de importação à Anvisa em relação ao imunizante
Em depoimento à CPI da Covid, o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, afirmou que a negativa do órgão em relação imunizante indiano da Bharat Biotech, a vacina Covaxin, se deu pela falta de um relatório técnico que aponte a qualidade de segurança e eficácia do produto. Segundo ele, pode haver nos próximos dias a submissão de um novo pedido de importação à Anvisa em relação ao imunizante, diante da "tradição" da Índia em "responder rápido" a apontamentos feitos pela Anvisa.
Questionado pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), se houve precipitação por parte do governo federal em comprar o imunizante sem o aval prévio da Anvisa, Barra Torres respondeu que não. "Não houve, porque o processo ainda pode ser aproveitado, então entendo que não houve", disse o presidente da Anvisa.
"(O relatório) comprova essa da qualidade de segurança e eficácia através da publicidade que dá aos métodos pelos quais se chegou naqueles índices. Então, esse é um documento condicionante, sem ele não é possível autorizar a importação excepcional, então, no caso da importação, esse foi o motivo", explicou Barra Torres sobre o relatório cobrado pela Anvisa.
"A Índia tem uma tradição de responder rápido a esses apontamentos, e o Ministério da Saúde tem feitos reuniões com a Anvisa a respeito desse novo pedido de importação, o que aliás é feito em qualquer análise vacinal. São reuniões prévias justamente para que essas discrepâncias sejam sanadas através de documentos que chegam, e acreditamos que nos próximos dias poderá haver uma submissão de um novo pedido por parte do ministério", disse Barra Torres.
Insumos
No depoimento, o presidente da Anvisa criticou a concentração da produção de insumos essenciais para medicamentos e imunizantes em países específicos. Segundo ele, tornar o Brasil, "amanhã ou depois", autossuficiente na fabricação desses produtos "será um fator de força e soberania nacional com certeza".
"Entendo que a produção de insumos essenciais, e aí amplio esse conceito para qualquer campo da atividade humana, se deu por comprovado com o advento da pandemia, que é estratégico, é soberano, e é essencial. A opinião que tenho é que, ao longo de décadas, e décadas de capitalismo, que classifico como selvagem, que visava o lucro exclusivamente da empresa, mão de obra barata e atratividade fiscal, fábricas e mais fábricas foram colocadas em países onde havia atratividade fiscal, mão de obra mais barata, fartura de insumos", afirmou Barra Torres.