Barroso sobre manifestações pró-regime militar: É assustador
Ministro do Supremo afirma que só defende intervenção militar 'quem perdeu a fé no futuro'; em sua manifestação, ele não citou a participação de Bolsonaro no ato que ocorreu em Brasília
BRASÍLIA - O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse neste domingo (19) que é "assustador" ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia. Barroso foi o primeiro ministro do STF a se manifestar publicamente sobre o protesto deste domingo, que contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro.
"Só pode desejar intervenção militar quem perdeu a fé no futuro e sonha com um passado que nunca houve. Ditaduras vêm com violência contra os adversários, censura e intolerância. Pessoas de bem e que amam o Brasil não desejam isso", escreveu Barroso no Twitter.
"É assustador ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia. Defender a Constituição e as instituições democráticas faz parte do meu papel e do meu dever. 'Pior do que o grito dos maus é o silêncio dos bons'", afirmou o ministro, em referência a Martin Luther King, líder do movimento pelos direitos civis dos negros.
Ao discursar de improviso para uma multidão que o aguardava em frente ao Quartel General do Exército, Bolsonaro disse que não irá "negociar nada", defendeu "acabar com essa patifaria" e afirmou que "esses políticos têm que entender que estão submissos à vontade do povo brasileiro". O protesto em Brasília contou com várias faixas com menções ao AI-5 e a uma intervenção militar".
É assustador ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia. Defender a Constituição e as instituições democráticas faz parte do meu papel e do meu dever. Pior do que o grito dos maus é o silêncio dos bons (Martin Luther King).
— Luís Roberto Barroso (@LRobertoBarroso) April 19, 2020
O AI-5 foi o Ato Institucional mais duro instituído pela repressão militar nos anos de chumbo, em 13 de dezembro de 1968, ao revogar direitos fundamentais e delegar ao presidente da República o direito de cassar mandatos de parlamentares, intervir nos municípios e Estados. Também suspendeu quaisquer garantias constitucionais, como o direito a habeas corpus, e instalou a censura nos meios de comunicação. A partir da medida, a repressão do regime militar recrudesceu.
Apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro, se concentram em ato diante do Comando Militar do Nordeste (CMNE), no Recife (PE)
Ato diante do Comando Militar do Nordeste (CMNE), no Recife (PE), neste domingo, 19, dia da manifestação denominada "Mega Carreata Nacional O Brasil Não Pode Parar"
Manifestantes que apoiam o presidente da República, Jair Bolsonaro, protestam durante carreata realizada na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo, 19
Foto: NILTON FUKUDA / ESTADÃO CONTEÚDO
Manifestantes que apoiam o presidente da República, Jair Bolsonaro, protestam durante carreata realizada na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo, 19
Foto: NILTON FUKUDA / ESTADÃO CONTEÚDO
Manifestantes que apoiam o presidente da República, Jair Bolsonaro, protestam durante carreata realizada na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo, 19
Foto: NILTON FUKUDA / ESTADÃO CONTEÚDO
Manifestantes que apoiam o presidente da República, Jair Bolsonaro, protestam durante carreata realizada na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo, 19
Foto: NILTON FUKUDA / ESTADÃO CONTEÚDO
Bolsonaro discursa, na tarde deste domingo (19), para manifestantes que protestavam a favor da intervenção militar e pelo fechamento do Congresso Nacional em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília
Foto: GABRIELA BILó / ESTADÃO CONTEÚDO
Bolsonaro discursa, na tarde deste domingo (19), para manifestantes que protestavam a favor da intervenção militar e pelo fechamento do Congresso Nacional em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília
Foto: GABRIELA BILó / ESTADÃO CONTEÚDO
Bolsonaro discursa, na tarde deste domingo (19), para manifestantes que protestavam a favor da intervenção militar e pelo fechamento do Congresso Nacional em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília
Foto: GABRIELA BILó / ESTADÃO CONTEÚDO
Apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro, realizam manifestação diante da unidade militar da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), na Praia Vermelha, na zona sul do Rio de Janeiro
Foto: MAGA JR / O FOTOGRÁFICO/ESTADÃO CONTEÚDO
Apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro, realizam manifestação diante da unidade militar da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), na Praia Vermelha, na zona sul do Rio de Janeiro
Foto: MAGA JR / O FOTOGRÁFICO/ESTADÃO CONTEÚDO
Um grupo de manifestantes pedem intervenção militar em frente ao Comando da 3º Região Militar, no centro histórico de Porto Alegre/RS, neste domingo (19)
Foto: José Carlos Daves / Futura Press
Um grupo de manifestantes pedem intervenção militar em frente ao Comando da 3º Região Militar, no centro histórico de Porto Alegre/RS, neste domingo (19)
Foto: José Carlos Daves / Futura Press
Compartilhar
Publicidade
Bolsonaro vem acumulando desgastes com o Congresso e governadores de todo o País por conta do enfrentamento do novo coronavírus. O presidente defende um relaxamento do distanciamento social por temer o impacto do isolamento sobre a economia brasileira.
Na semana passada, o STF impôs uma derrota ao Palácio do Planalto e decidiu que governadores e prefeitos também podem tomar medidas de isolamento para evitar o avanço da pandemia.
Veja mais:
O drama das periferias brasileiras em meio à pandemia: