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Coronavírus

BC avisa que vai repetir alta na Selic porque está mais preocupado com inflação do que com PIB

Explicação foi dada na ata da última reunião do Copom, que elevou a taxa básica de juros de 2% para 2,75% ao ano

23 mar 2021 - 09h48
(atualizado às 12h15)
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BRASÍLIA - O Banco Central explicou nesta terça-feira, 23, porque se prepara para repetir a dose de alta de 0,75 ponto porcentual na taxa básica de juros o em maio, a mesma magnitude vista na semana passada e que surpreendeu boa parte dos analistas de mercado: está claramente preocupado com o comportamento dos preços - mais do que com o ritmo da atividade econômica. Teme perder sua meta de inflação deste ano (de 3,75%) e que acabe por desancorar as expectativas para 2022, que ainda estão em linha com o alvo perseguido pela instituição.

A autoridade monetária manteve suas estimativas apresentadas no comunicado que se seguiu à decisão da semana passada para o IPCA deste ano (5%) e do próximo (3,50%), mas as previsões para os preços administrados, que são aqueles que só aumentam com a autorização do governo - como energia elétrica, por exemplo - dispararam de 5,1% para 9,5% para este ano e subiram de 3,0% para 4,4% para 2022. O impacto produzido por um novo aumento de 0,75 ponto porcentual na Selic deixará o Brasil menos vulnerável a esse cenário, na percepção do BC. Com isso, a taxa que passou de 2,00% para 2,75% ao ano, deve chegar a 3,50% no início de maio.

Mais uma vez, o colegiado manteve o alerta sobre a trajetória fiscal do País, apesar de elogiar os esforços para a aprovação da PEC emergencial, que autorizou uma nova rodada de auxílio emergencial com contrapartidas fiscais, neste mês. Além da preocupação com a inflação interna, o BC salientou que países emergentes, como o Brasil, poderão passar por um período "desafiador" por causa de uma possível reprecificação nos ativos internacionais. A cúpula do BC citou também os impactos da reflação internacional, que é uma alta dos preços típica de momentos que se seguem a recessões e que tem base no aumento da demanda.

Na ata da última reunião do Copom, o BC considera que uma possível retração econômica deve ser seguida por recuperação rápida.
Na ata da última reunião do Copom, o BC considera que uma possível retração econômica deve ser seguida por recuperação rápida.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil / Estadão

Embora um ciclo mais pesado de alta dos juros possa comprometer o desempenho da atividade econômica, o Comitê de Política Monetária (Copom) projeta que um novo tombo na economia causado pelo recrudescimento da pandemia de coronavírus será menos profundo do que o visto no ano passado, quando o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 4,1%. O BC aposta em uma recuperação forte ao longo do segundo semestre de 2021 tendo em mente que a vacinação dos brasileiros contra a covid-19 será abrangente.

"Contudo, os últimos dados disponíveis ainda não contemplam os possíveis efeitos do recente e agudo aumento no número de casos de covid-19, e assim há bastante incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia no primeiro e segundo trimestres deste ano", ponderaram os integrantes do colegiado. Essas informações atualizadas serão decisivas para a atuação da autoridade monetária em maio.

A decisão do BC brasileiro de aumentar os juros se dá logo após ter conseguido sua autonomia formal, uma demanda antiga da autarquia. A medida aprovada pelo Congresso Nacional em 10 de fevereiro e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro há um mês confere mais independência para a autoridade monetária, sem pressões de outras áreas do governo. O Brasil foi o primeiro país entre as economias mais ricas do globo e entre os vizinhos da América Latina a elevar sua taxa, depois de permanecer por meio ano como a mais baixa da sua história, em 2% ao ano.

Para o diretor do ASA Investments e ex-secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, o BC claramente quis transmitir uma mensagem ainda mais dura na ata da reunião do Copom do que no comunicado da semana passada. Em especial, ele destacou a observação feita pelo Copom para as mudanças no cenário externo. Depois da decisão do Copom, a ASA elevou sua projeção para a Selic para 4,5% no fim deste ano e para 6,5% no encerramento de 2022. Com a ata, explicou Kawall, o viés ficou ainda mais para cima.

O economista e sócio da SP CAP Fábio Susteras enfatizou a preocupação do BC sobre a reflação e seu impacto sobre as commodities. No Brasil, salientou, este aumento se traduz de forma mais simbólica e enfática nos preços dos combustíveis. / COLABORARAM THAÍS BARCELOS E FRANCISCO CARLOS DE ASSIS

Estadão
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