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Coronavírus

BH libera lojas de calçados e distribuidoras de bebidas

Lojas de artigos esportivos e joalherias também poderão voltar a funcionar na próxima 2ª; bares e restaurantes continuam proibidos

5 jun 2020 - 15h59
(atualizado às 16h12)
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Movimentação no centro de Belo Horizonte, em Minas Gerais
Movimentação no centro de Belo Horizonte, em Minas Gerais
Foto: Erwin Oliveira/FramePhoto / Estadão Conteúdo

BELO HORIZONTE - Depois do registro, por dois dias consecutivos, de mais de mil casos da covid-19 em Minas Gerais, a Prefeitura de Belo Horizonte anunciou no começo da tarde de sexta-feira (5) a segunda fase de abertura do comércio da cidade. A partir de segunda-feira (8) estão autorizados a voltar a funcionar na capital mineira lojas de calçados, artigos esportivos, joalherias e distribuidoras de bebidas. A decisão foi tomada mesmo com aumento na ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva na capital. Bares e restaurantes continuam proibidos. Empresários do setor fizeram manifestação, de pequenas proporções, na porta da sede do governo municipal nesta manhã.

O início da reabertura da capital mineira ocorreu na segunda-feira, 25 de maio, com a autorização do comitê de médicos da prefeitura para volta de livrarias, salões de beleza e os chamados shoppings populares. A decisão foi a primeira de uma série previstas para serem anunciadas pela prefeitura semanalmente, dependendo de três critérios: o porcentual potencial de transmissão do vírus entre os moradores da cidade e a disponibilidade de leitos de UTI e de enfermagem. Com a piora desses dados na véspera do dia 1, quando estava prevista a segunda fase da reabertura, o governo municipal recuou e não autorizou o funcionamento de outros setores do comércio.

O secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, que coordena o comitê de médicos anunciou nesta sexta-feira melhora nos dados utilizados pela prefeitura para autorizar novas fases da abertura. O índice de transmissão atualmente é de 1,07, contra 1,24 na semana passada. A utilização de leitos, no entanto, subiu, e é hoje de 64% para unidades de terapia intensiva e 49% para leitos de enfermaria. Os índices anteriores eram, respectivamente, de 52% e 43%.

Segundo Machado, o que possibilitou o anúncio da nova abertura foi uma folga que ainda existe na utilização de leitos e a queda no índice de transmissão. "Achamos que valia a pena correr o risco. Nos preocupamos com as pessoas que estão sem trabalhar", afirmou. Conforme as contas da prefeitura, 92% dos empregos na cidade, com a segunda fase da reabertura, serão retomados. As lojas desta etapa da volta do comércio poderão funcionar de 11h às 19h. Atacadistas destes setores também poderão retomar as atividades, das 5h à17h.

Balanço da Secretaria de Estado de Saúde divulgado registra 13.995 casos de covid-19 em Minas Gerais nesta sexta-feira, 961 a mais do que quinta (4). O número de mortes é de 344, um aumento de 21 óbitos. Na capital, o número de casos é de 2.247, 158 a mais que o relatório anterior. A cidade registrou, até esta sexta-feira, 58 mortes.

Fracasso

O medo do vírus parece ter falado mais alto em Belo Horizonte depois de convocação de proprietários de bares e restaurantes para manifestação na porta da prefeitura, na Avenida Afonso Pena, região Central da cidade, como pressão pela reabertura imediata do setor. Iniciada às 9h, apenas 37 pessoas estavam presentes no ato uma hora e meia depois do começo. Em alguns momentos, havia mais policiais na porta da sede do governo municipal do que manifestantes. A convocação para o ato foi via redes sociais. Houve tom político no protesto.

Duas faixas, uma na calçada e uma no canteiro central da avenida foram dispostas no sentido centro-bairro com as frases "se você acha que trabalho é vida e quer a volta total das atividades, buzine. BH não pode parar e Fora Kalil". O retorno dos motoristas, no entanto, foi pequeno. Até as 9h38, 10 motoboys, o que era possível confirmar pelos baús na motocicleta, e oito carros aderiram ao protesto e buzinaram. Pela pandemia, o movimento na via vem se mostrando mais fraco. Ainda assim, se trata de uma das principais vias da cidade, que liga o centro à Zona Sul, com fluxo relevante de veículos, ainda que no momento atual.

Antes, por volta das 9h30, um dos manifestantes, falava, ao que parecia, em grupo nas redes sociais. "Se não vier mais gente, complica". Alguns dos manifestantes usavam máscaras com a frase "abre tudo". O organizador do protesto, Dalton Pereira, 46 anos, dono de restaurantes em shoppings da cidade, afirma que, por causa da paralisação do comércio devido ao novo coronavírus, já demitiu dez de um total de 60 funcionários. "Queremos o retorno imediato. Sabemos que a retomada será lenta. Por isso a volta precisa ocorrer o quanto antes. Os shoppings hoje estão preparados. Parecem ambiente hospitalar. Estão preparados para receber a todos com segurança", disse.

Antes do início da manifestação, e ao longo do ato, máscaras "Fora Kalil" foram distribuídas a quem passava próximo à manifestação. Os responsáveis a dar as máscaras para as pessoas não quiseram informar a pedido de quem faziam o serviço. Outro empresário, Adler Grecco, 56 anos, também estava na manifestação. O comerciante afirma ter fechado um restaurante no bairro Gameleira, Região Oeste da cidade. "Quando tudo isso passar, pretendo voltar, em outro lugar", disse.

Kalil trava uma batalha com empresários da capital, que alegam haver condições para o retorno da atividade econômica na cidade. Ontem (4) o prefeito foi às redes sociais e fez a seguinte postagem: "amanhã (hoje) os nosso funcionários receberão o salário. Fiquem em casa e deem preferência para gastar com os comerciantes que estão ajudando a cidade". Em resposta à pressão, o secretário de saúde afirmou não haver prazo para a volta dos bares. "Se pudesse, abria tudo. Escolas, bares, restaurantes. Mas, no momento, isto não é possível", afirmou.

Estadão
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