Script = https://s1.trrsf.com/update-1731945833/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Coronavírus

Bolsonaro e Merkel indicam 70% da população infectada

Sem vacina, vírus irá se alastrar durante anos, mas não é possível prever quantas pessoas serão infectadas

23 abr 2020 - 06h53
(atualizado às 07h45)
Compartilhar
Exibir comentários
BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro e a chanceler alemã, Angela Merkel, já projetaram que 70% da população de seus países podem ser infectadas pelo novo coronavírus.

"Devemos falar ao povo: calma, tranquilidade. 70% vai ser contaminado. Ou vocês querem que eu minta aqui?", disse Bolsonaro na segunda-feira, 20, ao defender o fim das quarentenas.

Merkel, mesmo reconhecendo a alta propagação do vírus, defende o isolamento para que os casos se espalhem ao longo do tempo. Sem "saturar" o sistema de saúde, disse ela em março.

Especialistas ouvidos pelo Estado dizem que, sem vacina, a doença irá se alastrar durante anos, mas não é possível prever quantas pessoas serão infectadas, porque deve-se considerar, inclusive, a eficiência das quarentenas.

"Não se pode afirmar com exatidão a porcentagem da população que será infectada. Epidemiologistas tentam estimar esse valor, através de modelos matemáticos, mas o comportamento do vírus ainda é incerto", afirma o infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

Guardar municipais monitoram cumprimento do afastamento social como medida preventiva ao coronavírus
Guardar municipais monitoram cumprimento do afastamento social como medida preventiva ao coronavírus
Foto: Reuters

O Ministério da Saúde e alguns especialistas apontam que a transmissão da doença deve cair no País a partir do momento em que 50% da população já tiver sido contaminada e adquirir imunidade. A barreira será mais "efetiva", disse a pasta, quando 70% ganhar anticorpos para a doença.

A infectologista Eliana Bicudo disse que é possível chegar a 70% de infectados, mas nem todos irão desenvolver a doença. "Pode levar até 2, 3 anos para alcançar essa disseminação. Com isso uma grande parte da população realmente vai ser infectada. Lembrando que tudo isso se não tivermos uma vacina", disse a médica.

Para o infectologista Julival Ribeiro, como não há imunidade, todos podem pegar a doença. Ele concorda que o freio efetivo deve ocorrer com 70% de infectados. Segundo ele, especialistas ainda buscam respostas sobre se é seguro livrar do isolamento social pessoas que já tiveram a doença.

"O futuro vai dizer se a imunidade é definitiva", disse. Para ele, há risco ainda em apostar em exames em massa com testes rápidos, que ainda têm mostrado limitações de acurácia nos resultados. Como o Estado revelou, o governo federal apontou 75% de chance de erro em resultados negativos para o novo coronavírus nos 500 mil testes rápidos doados pela mineradora Vale.

Ribeiro também critica ideias de acabar com o distanciamento social para que a população pegue logo a imunidade contra a doença. "Além de sobrecarregar, o sistema de saúde, ia morrer muita gente. A gente está vendo que não é uma doença apenas de idosos", disse.

No começo de abril, o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, disse esperar que ao menos 50% da população se contamine "ao longo do tempo". "Isso vai acontecer lentamente. O fluxo só reduz quando tem 50% das pessoas já imunizadas", disse.

A covid-19 pode sumir?

Especialistas também discutem se a covid-19 pode deixar de circular, como ocorreu com a SARS, que tornou-se epidemia na China em 2003.

"Quando conseguir infectar a maioria das pessoas a covid-19 tende a desaparecer. Esse vírus vai ficar entre nós pelo menos até 2024, se não tiver vacinas e remédios", disse a médica Eliana Bicudo.

Ribeiro afirma que há forte preocupação de autoridades de saúde para uma "segunda onda" de casos da doença. Ele diz ainda que a covid-19 pode sofrer mutações e até tornar-se uma doença sazonal, como a gripe, que repete-se ano após ano.

"O SARS (epidemia de 2003) matou praticamente todo mundo. Foi um vírus burro. Quem pegava, matava. Esse, além de ser agressivo na transmissão, está fazendo a pior coisa. Está se mantendo. 80% das pessoas não ficam doente. Ele é esperto. Na minha opinião, acho que neste momento a gente não pode dizer que ele vai desaparecer. O que estamos esperando é que ele pode se tornar tipo o vírus da gripe. Outra preocupação é se ele sofrer mutação. Aí é grande problema", disse o infectologista.

Veja também:

O drama das periferias brasileiras em meio à pandemia:
Estadão
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade