Bolsonaro 'expulsa' mulher que questiona mortes por covid-19
Presidente ignora pergunta sobre os mais de 38 mil mortos pela doença e manda mulher que diz ter votado nele se retirar e cobrar respostas de "seu governador'"
BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro mandou uma mulher que estava entre seus apoiadores se retirar da porta do Palácio da Alvorada após ser questionado sobre as cerca de 38 mil mortes causadas pelo novo coronavírus no Brasil, na manhã desta quarta-feira, 10. "Cobre do seu governador. Sai daqui", disse. O presidente voltou a minimizar a pandemia e afirmou, em outro momento, que "mortes estão havendo no mundo todo, não apenas pela covid".
"Nós temos hoje 38 mil mortos por causa do covid. E, assim, não são 38 mil estatísticas, são 38 mil famílias que estão morrendo nesse momento, que estão chorando. O senhor, como chefe da Nação, eu votei no senhor, fiz campanha para o senhor, acho até que o senhor me conhece. E eu sinto que o senhor traiu a nossa população", disse a mulher.
Em seguida, a mulher, que não se identificou, afirmou que a população está morrendo, mas Bolsonaro silenciou e se afastou dela, dando a palavra para outras pessoas. Diante da insistência, o presidente disse para a mulher parar de falar ou, então, sair do local. "Se você quiser falar, sai daqui, já foi ouvido. Cobre do seu governador. Sai daqui", declarou o presidente mais uma vez.
Bolsonaro voltou a minimizar as mortes por coronavírus ao dizer que os óbitos acontecem no mundo todo, e não apenas pela covid-19. "Aquela figura falando abobrinha ali. Vem usar uma coisa séria, as mortes, para fazer demagogia aqui, todos nós respeitamos e temos compaixão pelo pessoal que perdeu um familiar, não importa a circunstância", disse.
"Mortes estão havendo no mundo todo, não é apenas a covid. Agora, querer culpar a mim... Tem muita gente morrendo de fome, depressão, suicídio, uma política feita apenas de um lado", disse Bolsonaro.