Bolsonaro rejeita prorrogação do auxílio de R$ 600: "Não dá"
Governo estuda estender o auxílio emergencial até o fim de 2020, com valores menores
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, na manhã desta quarta-feira, 5, que "não dá para continuar muito" a liberar o auxílio emergencial de R$ 600 a trabalhadores informais por causa do impacto da medida na economia, que, segundo ele, representa R$ 50 bilhões mensais. No momento em que o Brasil se aproxima das 100 mil mortes por covid-19, Bolsonaro voltou a criticar governadores que mantêm medidas de isolamento social nos estados.
"Começou a pagar a quarta parcela (do auxílio emergencial) e depois tem a quinta. Não dá para continuar muito porque por mês custa R$ 50 bilhões. A economia tem que continuar. E alguns governadores teimam ainda em manter tudo fechado", disse Bolsonaro a apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada.
Como o Estadão mostrou, o governo estuda estender o auxílio emergencial, destinado a trabalhadores informais, desempregados e beneficiários do Bolsa Família, até o fim de 2020.
A ideia é que o benefício seja prorrogado até dezembro, mas o valor das próximas prestações (setembro, outubro, novembro e dezembro) deve ser menor do que os R$ 600. Ainda não foi batido o martelo, mas uma das opções é pagar R$ 200 nesses meses.
O governo já destinou R$ 254,4 bilhões para o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600, num total de cinco parcelas (de abril a agosto). A despesa mensal do auxílio está em R$ 51,5 bilhões, e todos os gastos do governo para combater a pandemia e seus efeitos estão sendo bancados com o aumento do endividamento do País.
A continuidade do pagamento do auxílio emergencial ajuda a garantir apoio ao presidente, principalmente nos Estados do Norte e Nordeste. Como mostrou o Estadão, em viagens pelo País o presidente, em tom de campanha, tenta capitalizar medidas aprovadas pelo Congresso.
Pesquisas apontam que foi Bolsonaro quem mais ganhou com o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 dado aos trabalhadores informais que perderam renda por causa da pandemia do novo coronavírus. Mesmo que tenha inicialmente se posicionado contra o benefício, para o eleitor o que fica é que o dinheiro entrou na conta, foi pago pela Caixa Econômica Federal, portanto, pelo presidente.
O auxílio emergencial foi criado em abril, por meio de uma lei aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada por Bolsonaro. A previsão inicial era que o auxílio fosse pago por três meses, mas a lei deu a possibilidade de prorrogação do benefício.
O texto enviado pelo governo ao Congresso previa que o auxílio fosse de R$ 200, mas o texto aprovado pelo Congresso passou o valor da parcela para R$ 600.
Ao ser questionado sobre a eventual prorrogação do auxílio emergencial para micro empresários por outro apoiador, Bolsonaro afirmou que o assunto precisa ser tratado com o ministro da Economia, Paulo Guedes. "Não sei dizer, tem que ver com o Paulo Guedes. Nós já gastamos, o Brasil já gastou, eu não, já gastou R$ 700 bilhões com a covid aí", declarou.