Brasil tem pior dia com 60 mortes e já passa de 9 mil casos
O Brasil apresentou novo recorde no número diário de mortes pelo novo coronavírus em relatório divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério da Saúde. De acordo com o balanço, foram mais 60 mortes nas últimas 24 horas - duas a mais que o resultado apresentado na véspera - e agora soma 359 óbitos desde o início da pandemia. O número de novos casos confirmados também teve aumento: se na quinta foram 1.074, o relatório de hoje mostra mais 1.146 confirmações, o que faz saltar o número no País para 9.056.
Em termos percentuais, o incremento diário de casos foi de 15%, enquanto o número de óbitos avançou em 20%. A letalidade da doença no país é de 4%, segundo dados do ministério. Entre as mortes, 286 já tiveram investigação concluída, sinalizando que 85% dos óbitos foram de pessoas acima dos 60 anos e 82% de pessoas com ao menos uma comorbidade, características que compõem o chamado grupo de risco.
Apesar da prevalência de mortes entre os idosos, 43 pessoas entre 20 anos e 59 anos morreram por causa da covid-19 no país. "Pessoas acima de 60 anos são o principal fator... Muito cuidado com o fator idade", disse em entrevista coletiva o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
O Estado de São Paulo segue sendo o mais afetado pela doença, com 4.048 casos confirmados e 219 óbitos. Em seguida, vêm Rio de Janeiro (1.074 casos, 47 óbitos), Ceará (627 casos, 22 óbitos), Minas Gerais (397 casos, 6 óbitos) e Distrito Federal (402 casos, 5 óbitos). A região Sudeste é a que concentra o maior número de casos: 5.658, o equivalente a 62,5% do total. O Distrito Federal, porém, é a unidade da federação com maior incidência do vírus, de 13,2 casos para cada 100 mil habitantes, enquanto São Paulo possui incidência de 8,7 casos na mesma proporção.
No mundo, a doença já passou da marca de 1 milhão de infectados, com mais de 50 mil mortos. Uma das principais preocupações das autoridades é em relação aos sistemas de saúde, que passam a ficar sobrecarregados. Nos EUA, que registaram ontem 25 mil novos casos confirmados da doença, o modelo estatístico que tem sido usado pela Casa Branca indica que, no pico da doença, um terço dos americanos que precisarão de internação não terão lugar nos hospitais. Com isso, os médicos americanos se aproximam do mesmo dilema já enfrentado por italianos e espanhóis: decidir quem será ou não atendido.
O Brasil, embora o pico da pandemia ainda não tenha sido alcançado, os sistemas de saúde público e privado já enfrentam sobrecarga por causa do aumento do número de internações e registram até 38% de seus leitos ocupados por pacientes com infecção suspeita ou confirmada da doença.
Para diminuir a velocidade da disseminação da epidemia no país, o Ministério da Saúde orienta que a populaçao siga medidas de isolamento social, o que também é recomendado por especialistas e autoridades internacionais de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS). Na contramão da pasta, o presidente Jair Bolsonaro defende flexibilizar medidas como fechamento de escolas e do comércio para mitigar os efeitos na economia do país, permitindo que jovens voltem ao trabalho.
Após dias contrariando publicamente as orientações do ministro da Saúde, Bolsonaro expôs na quinta-feira,2, seu incômodo com o ministro. Bolsonaro disse que falta "humildade" a Mandetta e, embora tenha dito que não pretende dispensá-lo "no meio da guerra", ressaltou que ninguém é "indemissível" em seu governo.
As declarações do presidente Jair Bolsonaro não surpreenderam a equipe da pasta. Segundo auxiliares do ministro ouvidos pelo Estado, a leitura é de que o presidente tenta se afastar de responsabilidades na crise envolvendo a pandemia do coronavírus para jogar no colo de Mandetta e dos governadores os efeitos negativos na economia. A ordem interna é não rebater e seguir o trabalho de combate à covid-19, a exemplo do que tem feito o próprio ministro.
Com informações da Reuters e do Estadão Conteúdo