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Coronavírus

Cacique Raoni é diagnosticado com covid-19

De acordo com instituto que leva o nome do cacique, ele está internado com sintomas de pneumonia, mas está em boas condições de saúde

31 ago 2020 - 10h39
(atualizado às 11h06)
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Maior liderança indígena do País, o cacique Raoni foi diagnosticado com covid-19, segundo informou nesta segunda-feira, 31, o instituto que leva o seu nome. Ele está internado com sintomas de pneumonia, mas está em boas condições de saúde, afirmou a entidade.

Cacique Raoni  em Piaracu , no Xingu, Mato Grosso 15/1/2020 REUTERS/Ricardo Moraes
Cacique Raoni em Piaracu , no Xingu, Mato Grosso 15/1/2020 REUTERS/Ricardo Moraes
Foto: Reuters

"Após um mês de alta, Raoni foi novamente internado com sintomas de pneumonia. Exames realizados e sorologia confirmaram covid-19. Seu estado é bom, sem febre, respirando normalmente e sem ajuda de oxigênio. Raoni teve covid-19, exames mostram presença de anticorpos e fora de perigo", afirmou o instituto.

No mês passado, Raoni foi internado em Mato Grosso após agravamento do seu quadro de saúde. Em junho, o líder da etnia caiapó perdeu a mulher, Bekwyjkà Metuktire, e, desde então, passou a apresentar um quadro depressivo.

Indicado ao prêmio Nobel da Paz em 2019, Raoni estava internado em um hospital de Colíder (MT), mas foi transferido para Sinop (MT), depois de seu estado de saúde piorar.

Em setembro do ano passado, Raoni esteve em Brasília onde se reuniu com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para falar sobre direitos dos povos indígenas. Um dia antes dessa visita, o presidente da República Jair Bolsonaro havia feito críticas diretas ao cacique. "Acabou o monopólio do senhor Raoni", disse, ao citar Ysani Kalapalo, liderança indígena que viajou com Bolsonaro aos Estados Unidos.

Em junho do ano passado, em entrevista ao Estadão, Raoni fez críticas duras à forma como o governo Bolsonaro tem conduzido as políticas indigenistas e disse que seu povo corre o risco de desaparecer, se nada for feito. "Queremos dialogar com o governo, mostrar a ele que nós, indígenas, não aceitamos o que Bolsonaro pensa sobre nós, não aceitamos a violação dos direitos indígenas e dos territórios indígenas. Essa gestão é contra o povo indígena", disse.

O cacique tentou se reunir com Bolsonaro para levar ao presidente o pleito da comunidade indígena, mas teve seu pedido de encontro negado pelo presidente.

Desde o início do governo Bolsonaro, as demarcações de terras indígenas no País foram paralisadas. O que se pretende é abrir as áreas atuais para exploração das áreas, o que hoje é proibido por lei.

Ícone da luta dos indígenas brasileiros, Raoni ganhou notoriedade internacional no fim da década de 1980. Em 1987, o músico britânico Sting iniciou uma série de viagens pela Amazônia, onde conheceu o cacique, em 1989. A amizade com o líder da tribo dos caiapós levou Sting a se engajar na causa ecológica e na luta pela demarcação das terras indígenas no Xingu. A parceria levou à criação da Rainforest Foundation, entidade que atua na proteção da floresta e de seus povos tradicionais.

Estadão
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