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Coronavírus

Chapecó tem UTIs lotadas e mais mortos do que média nacional

Mais cedo, presidente já havia compartilhado em suas redes vídeo do prefeito João Rodrigues afirmando ter usado "tratamento precoce"

5 abr 2021 - 18h31
(atualizado às 20h03)
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Apontada pelo presidente Jair Bolsonaro como exemplo no combate à covid-19, Chapecó (SC) tem 100% das UTIs lotadas no SUS e rede privada. O município acumula ainda mais mortes por 100 mil habitantes do que o País e Santa Catarina. A cidade enfrentou colapso de saúde em fevereiro, precisou transferir pacientes, adotar restrições de circulação e ampliar o número de leitos. Chapecó tem 537 mortos pela pandemia, sendo que mais de 410 foram registrados neste ano.

Presidente Jair Bolsonaro em cerimônia no Palácio do Planalto
10/03/2021
REUTERS/Ueslei Marcelino/File Photo
Presidente Jair Bolsonaro em cerimônia no Palácio do Planalto 10/03/2021 REUTERS/Ueslei Marcelino/File Photo
Foto: Reuters

Bolsonaro disse nesta segunda-feira, 5, que visitará a cidade que fez um "trabalho excepcional" contra a pandemia e deu "liberdade" a médicos para prescreverem o "tratamento precoce", ou seja, medicamentos sem eficácia para a covid-19, como a hidroxicloroquina. Mais cedo, o presidente compartilhou vídeo em que o prefeito da cidade, João Rodrigues (PSD), celebra a queda de internações e a desativação de uma unidade de terapia semi-intensiva.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, deve acompanhar Bolsonaro em Chapecó. O médico não é um defensor dos medicamentos do "kit covid-19", mas também não desestimula o uso do tratamento que virou bandeira de Bolsonaro na pandemia.

Apesar do entusiasmo do presidente, Chapecó apresenta taxa de 243 mortos para cada 100 mil habitantes, superior à média nacional (157,7 vítimas) e de Santa Catarina (158). Os dados foram extraídos do site do Ministério da Saúde e não consideram a estratificação da população. Há ainda 193 pessoas internadas na cidade, número superior ao de 20 de fevereiro (183 internados), quando a cidade estava em colapso.

Mesmo sem espaço para internar pacientes graves, o prefeito João Rodrigues disse ao Estadão que a doença está controlada na cidade. Ele atribui a queda de casos à testagem e tratamento rápido. "Está 100% controlada. O que tem são as UTIs lotadas", afirma Rodrigues, que alega que a ocupação de leitos na região segue altíssima por causa de pacientes de fora da cidade.

Ao assumir a cidade, em janeiro, semanas antes do colapso, Rodrigues afrouxou as restrições de circulação contra a covid-19 e ampliou o horário de funcionamento de bares. Quando a crise se agravou, o prefeito teve de recuar e adotar quarentena mais dura que o resto do Estado.

Rodrigues disse que as restrições mais duras não ajudaram a reduzir a contaminação pela covid-19, apesar de entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontarem benefícios do distanciamento social. Para o prefeito, as restrições foram úteis para dar tempo para a cidade ampliar leitos, mas agora é "proibido" falar em "lockdown" em Chapecó.

O prefeito disse que a alta média de mortes na pandemia se deve ao poder de contaminação e de agravar a doença da mutação da covid-19. "Fomos a primeira cidade, depois de Manaus, a receber a nova cepa."

Rodrigues também afirmou que liberou "quem segue a ciência" e quem indica o "tratamento precoce" a trabalhar livremente em Chapecó. "Tem lugar para todo mundo." Apesar do número de mortes, o prefeito afirma que a cidade pode ser um exemplo ao País. "A economia está bombando", disse ele.

Estadão
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