Clínicas privadas do Brasil vão à Índia negociar vacina
Delegação quer comprar 5 milhões de doses do imunizante indiano que ainda não tem pedido de registro na Anvisa
Uma delegação da Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC) embarca nesta segunda-feira à Índia para negociar a compra de 5 milhões de doses de uma potencial vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela indiana Bharat Biotech para ser comercializada por clínicas privadas no país, disse a entidade em nota.
A candidata a vacina Covaxin ainda não tem pedido de registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a agência reguladora informou, também em nota, que o potencial imunizante não se enquadra no processo de submissão contínua estabelecido pelo órgão regulador para acelerar o registro de uma vacina, precisando portanto seguir o trâmite padrão.
De acordo com o presidente da ABCVAC, Geraldo Barbosa, que liderará a delegação da entidade na viagem à Índia para conhecer a fábrica da Bharat, já há um memorando de entendimento da associação, que afirma representar 70% das clínicas privadas do Brasil, e a fabricante indiana.
"Essa deve ser a primeira vacina disponível para o mercado privado brasileiro, por meio de um MOU (sigla em inglês para memorando de entendimento) assinado com a ABCVAC", afirmou Barbosa, segundo a nota.
A expectativa é de que 5 milhões de doses da Covaxin cheguem ao Brasil em meados de março para serem vendidas pelas clínicas privadas.
O governo federal, por meio do Ministério da Saúde, tem o Programa Nacional de Imunização (PNI), o maior programa público e gratuito de vacinação do mundo. Representantes da Bharat se reuniram recentemente com o Ministério da Saúde com vistas a fornecer a potencial vacina ao PNI.
"Inicialmente a notícia era de que as clínicas privadas brasileiras não teriam doses disponíveis, porém, com a entrada desse novo player no mercado, tivemos a oportunidade de negociação. Estamos muito felizes em ter a chance real de contribuir com o governo na cobertura vacinal, utilizando da saúde suplementar para desafogar os gastos públicos", disse o presidente da ABCVAC.
Em nota, a Anvisa afirmou que a Covaxin não se enquadra no processo de submissão contínua para registro de vacinas contra Covid-19 no Brasil, pelo qual os laboratórios entregam documentos à agência conforme se tornam disponíveis com o objetivo de acelerar o processo de análise, pois a candidata a vacina indiana não passa por estudos clínicos no Brasil.
"A Gerência Geral de Medicamentos da Anvisa já entrou em contato com representantes do laboratório no Brasil e se colocou à disposição para realizar uma reunião e prestar esclarecimentos", disse a Anvisa na nota no domingo.
"Ao mesmo tempo, a Assessoria Internacional da Anvisa está em contato com a autoridade sanitária da Índia. Informações preliminares indicam que essa empresa tem um estudo clínico fase 3, em condução na Índia."
No sábado, a Covaxin obteve recomendação de uso emergencial pelas autoridades indianas e está passando por testes clínicos em Fase 3 no país, com 26 mil voluntários.
A candidata a vacina da Bharat usa a tecnologia de vírus inativado e, de acordo a ABCVAC, pode ser armazenada em temperatura de 2 graus a 8 graus Celsius. De acordo com a entidade, a projeção é que a vacina aplicada em duas doses tenha validade de 24 meses contra a Covid-19.